terça-feira, 28 de agosto de 2018

A caminho de Marte - I

 domtotal.comO envio de sondas para orbitar e depois para pousar no Planeta Vermelho continuaram até os dias de hoje, sendo longa a lista de sucessos e falhas.
Em 31 de julho deste ano marte esteve em oposição à Terra ficando o mais próximo do nosso planeta (apenas 58 milhões de quilômetros). A próxima aproximação acontecerá em 2020.
Em 31 de julho deste ano marte esteve em oposição à Terra ficando o mais próximo do nosso planeta (apenas 58 milhões de quilômetros). A próxima aproximação acontecerá em 2020. (Reprodução)
Por Sérgio Vieira*
A raça humana sempre teve um espírito desbravador e explorador. Desde que os primeiros seres humanos saíram da África e começaram a se espalhar pelo mundo o sentimento de vamos olhar um pouco mais longe o que será que existe depois daquela montanha ou do outro lado daquele rio tem nos levado cada vez mais longe. E quanto maior a dificuldade e o desafio para se chegar lá, maior é a nossa vontade e inspiração para criar os meios para alcançar o objetivo.
Nos anos de 1950, começamos a exploração espacial e na década de 1960 chegamos a Lua. Os avanços conseguidos na área da tecnologia e engenharia foram enormes para que vencêssemos os obstáculos e chegássemos à Lua. No final do século 20 e no inicio do século 21 um novo desafio foi colocado, levar a Marte uma nave tripulada.
O fascínio por este planeta começou quando dois astrônomos, o italiano Giovani Schiaparelli e o norte americano Percival Lowell, no final do século XIX e início do séculoXX publicaram várias obras, nas quais apresentavam a opinião de que Marte teria tido formas de vida inteligentes. Este ponto de vista se devia ao fato de que eles observaram canais na superfície do planeta e consideravam que tais estruturas só poderiam ser construídas por uma raça inteligente.
Percival Lowell em seu Observatorio (https://pt.wikipedia.org)
Mapa dos Canais observados por Lowell em Marte (http://bibliodyssey.blogspot.com/2008/04/channelling-martian-maps.html)

Direita: Registro fotográfico feito com refrator de 24 polegadas (ver ref. 18). Esquerda: imagem interpretada através de um desenho. http://www.gregmort.com/Bibliography_files/Mars_Canal_Cover-up_Final_Draft-5.pdf
Nos anos 60 as sondas Mariner foram lançadas em direção a Marte com o intuito de orbitar o planeta e fotografá-lo. Apenas na quarta tentativa a sonda Mariner 4 teve sucesso e no dia 14 de julho de 1965 mandou 21 fotos de Marte para a Terra.
O envio de sondas para orbitar e depois para pousar no Planeta Vermelho continuaram até os dias de hoje, sendo longa a lista de sucessos e falhas. Entre os casos de sucesso podemos destacar a Mariner 9 que descobriu tempestades de areias, vulcões, vales e cânions e as missões Viking que pousaram e mandaram as primeiras fotos da superfície de Marte.
Foto do horizonte marciano feita pela sonda Viking (https://www.space.com/13558-historic-mars-missions.html)
Estas sondas estavam em uma missão que tentava responder uma pergunta que intriga a humanidade: há vida em Marte? Seria possível colonizá-lo? Uma grande esperança para uma resposta positiva surgiu quando a sonda Mars Global Surveyor (MGS), lançada em 1996, descobriu evidencias de água em Marte. Esta sonda preparou caminho para que fossem lançados veículos para explorar regiões específicas em busca de evidencias de vida microscópica, além de resolver enigmas como o da face em Marte, vista em uma das fotografias tiradas pela sonda Viking enquanto orbitava o planeta.
Foto da Face, tirada pela sonda Viking (https://www.space.com/17191-face-on-mars.html)
Tal “face” mostrou ser apenas um dos grandes acidentes geográficos de Marte, como o Monte Olimpo, que é um vulcão extinto mais alto que o monte Everest. A impressão de que se via um rosto se deve a falta de resolução do equipamento utilizado para tirar a fotografia.
Foto da face ao longo dos anos: Viking (1976), MGS (1998 e 2001)
Nestas duas primeiras décadas do século 21 o número de veículos que chegaram a superfície  e de satélites orbitando Marte aumentaram significativamente: Spirit e Opportunity são veículos que chegaram e superfície de Marte em 2004 e encontraram evidencias de que já existiram rios em sua superfície;  Mars Fenix descobriu gelo sob a superfície do planeta; o veículo Curiosity pousou na cratera Gale em 2012 e descobriu áreas que já foram inundadas, além de detectar metano e compostos orgânicos.
Em março de 2016 um projeto conjunto da Agencia Espacial Europeia e da Roscosmos (Russia) lançou o Exomars Trace Gas Orbiter (TGO), que vai fazer um estudo minucioso da atmosfera de Marte, buscando traços de gases que podem se originar da decomposição de matéria orgânica ou de atividades geológicas. Em abril de 2018 a TGO liberou a primeira imagem obtida de sua órbita, localizada a 400 km de altitude em relação a superfície do planeta.
Imagem da borda da Cratera Korolev. As partes brancas são gelo. (http://www.esa.int/spaceinimages/Images/2018/04/ExoMars_images_Korolev_Crater)
Todas estas informações colhidas ao longo de mais de 60 anos, forneceram e estão fornecendo informações que estão sendo usadas para nos preparar para o próximo passo: levar uma nave tripulada até Marte e depois trazer sua tripulação de volta para a Terra. Como estamos nos preparando para esta empreitada e os desafios envolvidos serão tradados em nosso próximo artigo.
* Professor da EMGE (Escola de Engenharia de Minas Gerais)

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