Por que decisão da Justiça de deixar Evo Morales disputar 4º mandato divide a Bolívia
O presidente da Bolívia, Evo Morales, durante evento em Lima, no Peru,
em 13 de abril — Foto: Reuters/Mariana Bazo
O presidente da Bolívia, Evo Morales, está mais perto do objetivo de permanecer no poder até 2025.
Na noite de terça-feira, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deu sinal verde para ele se candidatar ao quarto mandato consecutivo. Uma decisão que gerou controvérsia.
"A habilitação de Evo Morales divide a Bolívia de maneira poucas vezes vista nos últimos anos", avalia o jornalista Boris Miranda, correspondente na Bolívia da BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC.
A oposição acusa o tribunal de passar por cima do referendo realizado em 21 de fevereiro de 2016, que rejeitou a possibilidade de Morales se candidatar a um novo mandato.
Um ano depois, no entanto, o presidente conseguiu a liberação do Tribunal Constitucional para disputar a reeleição indefinidamente.
"Os críticos do atual presidente reivindicaram e promoveram a defesa do referendo que Morales perdeu em 2016, argumentando que é um mandado popular vinculante e obrigatório", diz o jornalista.
Em contrapartida, os partidários de Morales destacam que a vitória do "NÃO" no referendo se deu por uma pequena margem (51,3% contra 48,7%). E argumentam que o Tribunal Constitucional é a última instância para decidir sobre temas polêmicos no país.
A decisão do TSE permite que Morales e seu vice, Álvaro García Linera, concorram pelo partido Movimento para o Socialismo (MAS) às eleições primárias de janeiro de 2019, em que serão escolhidos os candidatos que vão disputar as eleições gerais em outubro.
O órgão eleitoral adiantou, em reunião de emergência, a decisão, que tinha prazo para ser tomada até sábado.
Em comunicado à imprensa, em que não foram permitidas perguntas dos jornalistas, a presidente do tribunal, María Cristina Choque, anunciou a habilitação de diversas candidaturas às primárias, incluindo a de Morales e García Linera.
"A oposição boliviana, pela terceira vez consecutiva, tentou articular uma "frente unida" para enfrentar o atual presidente e fracassou mais uma vez em sua tentativa. Há sete opções de candidatura para tentar derrotar Morales em 2019", acrescenta Miranda.
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