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Reflexão sobre a Liturgia do 3º Domingo do Advento - Lc 3,10-18
Desde as comunidades cristãs podemos desenvolver diversas iniciativas para estar perto dos casos mais humilhantes de desamparo social. (Kate Remmer by Unsplash)
Por José Antonio Pagola*
A pregação do Batista sacudiu a consciência de muitos. Aquele profeta do deserto estava lhes dizendo em voz alta o que sentiam em seus corações: era necessário mudar, voltar para Deus, preparar-se para acolher o Messias. Alguns se aproximaram dele com essa pergunta: o que podemos fazer?
O Batista tem idéias muito claras. Não lhes propõe acrescentar novas práticas religiosas às suas vidas.Não lhes pede que fiquem no deserto fazendo penitência. Não lhes fala de novos preceitos. Há de se acolher o Messias olhando atentamente aos necessitados.
Não se perde em teorias sublimes ou em motivações profundas. De maneira direta, no mais puro estilo profético, ele resume tudo numa fórmula genial: "Aquele que tem duas túnicas, que as reparta com quem não tem; e quem tem comida que faça o mesmo ". E nós, o que podemos fazer para acolher a Cristo em meio a esta sociedade em crise?
Antes de tudo, esforçar-nos mais em conhecer o que está acontecendo: a falta de informação é a primeira causa de nossa passividade. Por outro lado, não tolerar a mentira ou o encobrimento da verdade. Temos que conhecer, em toda a sua crueza, o sofrimento que está sendo gerado injustamente entre nós.
Não basta viver com surtos de generosidade. Podemos dar passos em direção a uma vida mais sóbria. Atrever-nos a fazer a experiência de "empobrecer-nos" pouco a pouco, reduzindo nosso atual nível de bem-estar, para compartilhar com os mais necessitados tantas coisas que temos e não precisamos para viver.
Podemos estar especialmente atentos àqueles que caíram em situações graves de exclusão social: despejados, privados de cuidados de saúde adequados, sem renda ou qualquer recurso social... Devemos sair instintivamente em defesa dos que estão afundando na impotência e na falta de motivação para enfrentar seu futuro.
Desde as comunidades cristãs podemos desenvolver diversas iniciativas para estar perto dos casos mais humilhantes de desamparo social: conhecimento concreto de situações, mobilização de pessoas para não deixar ninguém sozinho, contribuição de recursos materiais, gestão de ajuda possível ...
Para muitos, são tempos difíceis. A todos será oferecida a oportunidade de humanizar nosso consumismo louco, tornarmo-nos mais sensíveis ao sofrimento das vítimas, crescer na solidariedade prática, contribuir para denunciar a falta de compaixão na gestação da crise ... Será nossa maneira de acolher a Cristo mais verdadeiramente em nossas vidas.
Periodista Digital - Tradução: Gilmar Pereira
*José Antonio Pagola é padre e tem dedicado a sua vida aos estudos bíblicos, nomeadamente à investigação sobre o Jesus histórico. Nascido em 1937, é licenciado em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma (1962), licenciado em Sagradas Escrituras pelo Instituto Bíblico de Roma (1965), e diplomado em Ciências Bíblicas pela École Biblique de Jerusalém (1966). Professor no seminário de San Sebastián (Espanha) e na Faculdade de Teologia do Norte de Espanha (sede de Vitória), foi também reitor do seminário diocesano de San Sebastián e vigário-geral da diocese de San Sebastián.
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