Pe. Geovane Saraiva*
Como se dar conta da esperança com olhos ao inesperado? A guerra que parecia ser distante da humanidade, tida como “guerra fria”, atingiu em cheio, e diretamente, o mundo. A oração proclamada por Francisco, naquele local do Mediterrâneo, recorda o naufrágio sofrido pelo Apóstolo dos Gentios na Ilha de Malta, no esforço de perceber sinais de um mundo reconciliado: “Ajudai-nos a reconhecer de longe as necessidades daqueles que lutam por entre as ondas do mar, atirados contra as rochas duma costa desconhecida”. Jesus, filho de Maria de Nazaré e do carpinteiro José, quer, neste final de quaresma, na inspiração do Papa, desmanchar a montanha da falta de esperança no mundo.
As ondas do valente mar, na vida das pessoas, mesmo com o seu mais digno argumento da sonhada esperança, por vezes esvaziada, quando, no mundo, na sociedade e na própria Igreja, se percebe esvaziar ou aproximar o distanciamento da vida com a esperança, como dom e graça, no abalo de sua deletéria degradação, quando se transparecem longínquos e remotos o referencial e a meta do monte sagrado, a glória futura. Eis o apelo de Deus para todos: de escutar, na convocação do Papa Francisco, seu clamor solidário, como na assertiva de Dom Helder: “No amor para dar, difundir e semear”.
No mundo, com o estigma da insensatez e da ausência de corações generosos e solidários, mas amparado pelo manto da justiça e da paz, que sejamos impulsionados, à luz da concretude do Evangelho, a mudar nosso estilo de vida. São as guerras nossas de cada dia: no abismo enorme, pelo número incontável de irmãos empobrecidos, na diversidade do mundo, na exclusão social, na dependência química, na autossuficiência e na carência de toda natureza.
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
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