MUNDO
Cooperação
Texto Leonídio Paulo Ferreira | jornalista do DN | 05/05/2013 | 09:04
Cinco líderes das potências emergentes reuniram-se na África do Sul para reforçar a cooperação de modo a pôr em causa um sistema internacional que favorece a América Anglo-Saxónica e a Europa Ocidental
IMAGEM
Os quatro homens e a mulher que juntam as mãos e sorriem para os fotógrafos representam 43 por cento da população mundial. Ela é a brasileira Dilma Roussef, eles são o russo Vladimir Putin, o indiano Manmohan Singh, o chinês Xi Jinping e o sul-africano Jacob Zuma. Se somarmos as iniciais dos nomes dos seus países dá a sigla BRICS, com o S a ser da designação em inglês da África do Sul, o mais recente membro deste grupo de potências emergentes e anfitrião da cimeira que teve lugar em Durban no final de março. Estes líderes representam 43 por cento da população do planeta, mas apenas 21 por cento da riqueza mundial. Exigem que a porção para os seus povos seja maior.
Para se perceber a motivação dos BRICS é vital olhar para outra percentagem: os cinco países representam ainda apenas 21 por cento da riqueza global, o que significa que os seus povos são bem mais pobres que os da Europa Ocidental ou da América Anglo-Saxónica. Ora, em Durban discutiram-se formas de ultrapassar injustiças, com a hipótese de um novo banco capaz de competir com o Banco Mundial a ser levada muito a sério.
A convicção entre os líderes presentes é que tanto o Banco Mundial como o Fundo Monetário Internacional, ambos nascidos dos Acordos de Bretton Woods, no final da Segunda Guerra Mundial, refletem sobretudo os interesses dos Estados Unidos e seus aliados da União Europeia. Aliás, são um americano e uma francesa que lideram as duas instituições, tendo falhado até agora todas as tentativas para fazer eleger para qualquer dos cargos alguém do mundo em desenvolvimento.
Se avançar, o novo banco será dotado de 50 mil milhões de dólares, com cada um dos BRICS a contribuir com somas idênticas. Pode parecer pouco para o financiamento de infraestruturas em cinco países tão vastos, onde faltam estradas, ferrovias e redes de distribuição de eletricidade, mas mesmo assim é bastante mais do que o que o Banco Mundial se comprometeu em investir. As mãos juntas e o sorriso da foto de família no final da cimeira não devem, no entanto, fazer esquecer que os BRICS apresentam muitas diferenças entre si, tanto em dinamismo económico como em protagonismo diplomático.
Se era a Rússia até há duas décadas (na versão soviética) que fazia papel de segunda superpotência, é a China agora que emerge como principal rival dos Estados Unidos, sendo provável até que se torne a primeira economia mundial algures nos próximos dez anos. No ranking das grandes economias, os cinco elementos dos BRICS ocupam o segundo lugar (China), o sétimo (Brasil), o nono (Rússia), o décimo (Índia) e o 29º (África do Sul). E se a posição sul-africana parece modesta, há que recordar que se trata da maior economia do continente, muito longe até da superpopulosa Nigéria.
O reforço das relações bilaterais é outra das formas que as potências emergentes estão a explorar para tornar as relações internacionais mais equilibradas, como o mostra o acordo entre a China e o Brasil para que as suas trocas comerciais sejam em yuans e reais, pondo de lado o tradicional dólar. E poucos dias antes da cimeira de Durban, o novo Presidente chinês escolheu a Rússia como seu primeiro destino, assinando projetos de cooperação que visam, sobretudo, garantir o acesso do seu país ao gás e petróleo siberianos.
Do ponto de vista político, destaca-se a posição dos líderes dos BRICS em relação à guerra civil na Síria, recusando uma condenação do regime de Bashar al-Assad e apelando antes a conversações, o que contrasta com a atitude americana e das maioria da nações europeias. Também na questão do nuclear iraniano, os cinco países insistem no direito da república islâmica a dotar-se de energia nuclear desde que para fins civis, o que significa outra divergência com a posição oficial de americanos e europeus ocidentais.
Para se perceber a motivação dos BRICS é vital olhar para outra percentagem: os cinco países representam ainda apenas 21 por cento da riqueza global, o que significa que os seus povos são bem mais pobres que os da Europa Ocidental ou da América Anglo-Saxónica. Ora, em Durban discutiram-se formas de ultrapassar injustiças, com a hipótese de um novo banco capaz de competir com o Banco Mundial a ser levada muito a sério.
A convicção entre os líderes presentes é que tanto o Banco Mundial como o Fundo Monetário Internacional, ambos nascidos dos Acordos de Bretton Woods, no final da Segunda Guerra Mundial, refletem sobretudo os interesses dos Estados Unidos e seus aliados da União Europeia. Aliás, são um americano e uma francesa que lideram as duas instituições, tendo falhado até agora todas as tentativas para fazer eleger para qualquer dos cargos alguém do mundo em desenvolvimento.
Se avançar, o novo banco será dotado de 50 mil milhões de dólares, com cada um dos BRICS a contribuir com somas idênticas. Pode parecer pouco para o financiamento de infraestruturas em cinco países tão vastos, onde faltam estradas, ferrovias e redes de distribuição de eletricidade, mas mesmo assim é bastante mais do que o que o Banco Mundial se comprometeu em investir. As mãos juntas e o sorriso da foto de família no final da cimeira não devem, no entanto, fazer esquecer que os BRICS apresentam muitas diferenças entre si, tanto em dinamismo económico como em protagonismo diplomático.
Se era a Rússia até há duas décadas (na versão soviética) que fazia papel de segunda superpotência, é a China agora que emerge como principal rival dos Estados Unidos, sendo provável até que se torne a primeira economia mundial algures nos próximos dez anos. No ranking das grandes economias, os cinco elementos dos BRICS ocupam o segundo lugar (China), o sétimo (Brasil), o nono (Rússia), o décimo (Índia) e o 29º (África do Sul). E se a posição sul-africana parece modesta, há que recordar que se trata da maior economia do continente, muito longe até da superpopulosa Nigéria.
O reforço das relações bilaterais é outra das formas que as potências emergentes estão a explorar para tornar as relações internacionais mais equilibradas, como o mostra o acordo entre a China e o Brasil para que as suas trocas comerciais sejam em yuans e reais, pondo de lado o tradicional dólar. E poucos dias antes da cimeira de Durban, o novo Presidente chinês escolheu a Rússia como seu primeiro destino, assinando projetos de cooperação que visam, sobretudo, garantir o acesso do seu país ao gás e petróleo siberianos.
Do ponto de vista político, destaca-se a posição dos líderes dos BRICS em relação à guerra civil na Síria, recusando uma condenação do regime de Bashar al-Assad e apelando antes a conversações, o que contrasta com a atitude americana e das maioria da nações europeias. Também na questão do nuclear iraniano, os cinco países insistem no direito da república islâmica a dotar-se de energia nuclear desde que para fins civis, o que significa outra divergência com a posição oficial de americanos e europeus ocidentais.
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