Prof.José Cajuaz
Filho*
O
Diário do Nordeste na sua edição de 7 de outubro de 2013, em sua seção Ideias,
publicou artigo de Luiz Itamar Pessoa.
O
assunto nele tratado é estarrecedor e preocupante. De principio, o título me
chocou: Justiça transviada.
Transviada vem de transviar e tem como sinônimos corrompida, seduzida e
desencaminhada. Verdade?
Parece
uma aberração, mas a afirmação é verdadeira e ele a comprova, no conteúdo, com
fatos e, como dizem os latinos, “contra
facta non sunta argumenta” - contra fatos não há argumentos.
O
corpo do artigo trouxe-me ainda maior preocupação. Ele apresenta duas
afirmações de um dos luminares da ciência jurídica, ministro do STF, Napoleão
Nunes Maia Filho.
Uma:
“Parece incrível - incrível mesmo – mas já ouvi de um juiz a desconcertante
evasiva de que suas decisões favorecem as partes públicas porque são elas (as
partes públicas) que pagam seu salário.”
A
outra: Um amigo do ministro confessou-lhe que “estava pasmo por ter obtido uma
solução judicial a seu favor em um determinado pleito que, embora coberto de razão, não achou que isso fosse
possível. “Quando indagado qual o motivo da euforia , ele disse que tinha medo
de ser derrotado no feito, pois o outro lado era o governo.”
O
articulista conclui: “Será que a
instituição que mantém em seus quadros um ‘juiz’ desses pode transmitir
fidúcia?”
Que
dúvida, que confissão e que tristeza!
Ubi sumus? Onde estamos? Mas... Si non è
vero è bene trovato dizem os italianos Se não é verdade é bem contado.
Será
que só aconteceu esse caso apresentado no artigo? Não.
Hoje,
um caso semelhante a esse, como tantos outros, é triste dizer, está acontecendo
no estado do Ceará e a cúpula do judiciário, sabedora do fato, não toma providência
alguma. Por quê?
Os
professores das universidades estaduais do Ceará estão vivendo um drama idêntico
ao do amigo do Ministro. Parece que os juízes do TRT – 7ª Região pensam e agem como
o juiz do artigo. Será?
Na
pendenga de vinte e sete anos, os professores ganharam na Suprema Corte. O
retardamento na implantação da decisão, apesar de a maioria ser idosa, está
aqui na 7ª Região. Por quê?
Qualquer
semelhança será mera coincidência? Talvez não.
Senhores
administradores da Justiça, sejam imparciais, intemeratos, intimoratos, justos
e dêem, sem medo algum, direito a quem o tem.
Como Dante Alighieri, digam àqueles que querem conspurcar a Justiça,
procrastiná-la ou suborná-la que, no Tabernáculo Sagrado da Justiça não existe
esperança para corrupção venha de onde vier: “Lasciate ogni speranza voi ch’intrate”. Deixai toda a esperança, vós
que entrais aqui, e não tenham medo de
perder o salário, pois “Quem realmente
paga o salário dos administradores da justiça é o povo, o jurisdicionado, aos quais eles devem respeitar.”
*Professor da Universidade Estadual do Ceará e do Instituto Federal de Educação e Tecnológica.
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