quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Políticas econômicas autodestrutivas


Cerca de 60% das reservas pesqueiras estão com taxas de retirada predatórias (Foto: AP/Divulgação)
Marcus Eduardo de Oliveira

As mesmas políticas econômicas que fizeram a economia mundial aumentar sete vezes de tamanho entre 1950 e 2000, são as mesmas que destruiram os sistemas ecológicos (ecossistemas) que dão apoio (suporte) à atividade produtiva.

Os quatro ecossistemas que fornecem nosso alimento – florestas, pradarias, pesqueiros e terras agrícolas – foram, por conta do crescimento econômico mundial, expostos à profunda devastação (depleção).

Quatro bilhões de hectares de terras firmes estão degradados (já perderam a camada superior do solo); 60% das reservas pesqueiras mundiais estão com taxas de retirada maiores que a sua capacidade de reposição.

A produção econômica, em rápida aceleração, está suplantando a produção sustentável dos ecossistemas, criando um imenso déficit biológico.

Em grande parte da África, Oriente Médio, Ásia Central, norte do subcontinente indiano e grande parte do noroeste da China os pastos estão se deteriorando em consequência do excesso pecuário; são 3,3 bilhões de cabeças de bovinos, ovinos e caprinos pressionando os solos.

Lester Brown, em “Eco-Economia” aponta que “mundialmente, as florestas encolhem mais de 9 milhões de hectares ao ano, uma área equivalente a Portugal”.

Quanto mais se aumenta a produção econômica mundial, maior é o empobrecimento biológico da Terra, fruto da intensa destruição dos habitats, poluição, alteração climática e pesca sem controle e limites.

Estão sob ameaça de extinção uma em cada oito das 9.946 espécies de aves no mundo; uma em quatro das 4.763 espécies de mamíferos e quase um terço de todas as 25.000 espécies de peixes, atesta o “Livro Vermelho das Espécies Ameaçadas”, publicado pelo World Conservation Union.

Essa combinação de fatores, aliada ao sistema energético baseado na queima de combustíveis fósseis que define a economia moderna, tem conduzido nossa civilização a um caminho econômico ambientalmente insustentável.

Os elevados níveis de CO2 na atmosfera é, de longe, o principal responsável pela alteração do clima na Terra. A isso se soma mais de 80 milhões de pessoas anualmente à população mundial pressionando os serviços ecossistêmicos, temos, então, a configuração de um elo vulnerável entre o meio ambiente e a economia. É isso que precisa ser urgentemente repensado.
Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo. prof.marcuseduardo@bol.com.br

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