Que nunca, nunca nos esqueçamos que Deus nasce hoje para cada um de nós.
(Foto: Arquivo) |
Por Alexandre Kawakami*
Eu sou grande admirador do Papa Francisco. Em suas ações, e em contraposto a outros pontífices, o santo padre revela como sua prioridade o que é, na minha opinião, a contribuição mais importante da Igreja na história da cultura: a valorização do indivíduo, em contraposto às categorias que eles supostamente representam. O Papa parece nunca ver presidentes, mendigos, leprosos ou estrelas. Vê pessoas, na sua objetividade.
É no mesmo espírito que quero ver todos os que me cercam, e é nesse espírito que me junto à Igreja neste dia de Natal, desejando a ela, seus seguidores e por tabela, a vocês, os seguintes votos.
Que nos preocupemos menos com as escolhas de cada um que lhes trazem felicidade sem prejuízo ao outro e a si mesmos. É na liberdade dessas escolhas que a humanidade se descobre.
Que nos preocupemos mais com os que desejam tolher as escolhas dos outros só porque lhe parecem escandalosas e discordantes, ainda que não os atinjam ou prejudiquem. É no desejo de limitar que a humanidade cria seus leviatãs.
Que nos preocupemos menos com a riqueza dos outros, obtida através do esforço e talento sincero e honesto. A riqueza advinda do suor propaga-se sem necessitar de que lhe apontem o caminho.
Que nos preocupemos mais com os que querem ficar ricos às custas do trabalho honesto e sincero dos outros. A riqueza extorquida e a extorsão impune afogam a propagação dos frutos e desanima, os esforços de todos.
Que nos preocupemos menos em interferir na vontade de duas partes de se obrigar um com o outro. A cooperação encontra seu caminho na maleabilidade das pessoas de se entendem.
Que nos preocupemos mais com a vontade de uma pessoa de obrigar todo o resto. Quem gosta de salsicha e quem gosta de lei não deveria nunca saber como as duas são feitas.
Que nos preocupemos menos com o que pensarão de nós se abrirmos mão de termos todas as certezas e abraçarmos o fato de que cada um de nós tem um pedaço da verdade. É na estima da opinião alheia que fortalecemos a nossa própria.
Que nos preocupemos mais em ouvir e considerar o que o outro está falando do que em moldar sua fala no que esperamos que sua opinião seja. É no diálogo honesto que o ser humano se engrandece.
Que nos preocupemos mais em nos unir e construir nossa nação e menos em destrui-la para tê-la só para alguns de nós.
E que nunca, nunca esqueçamos que Deus nasce nesta data para cada um de nós, individualmente.
Um feliz Natal a todos.
*Alexandre Kawakami é Mestre em Direito Econômico Internacional pela Universidade Nacional de Chiba, Japão. Agraciado com o Prêmio Friedrich Hayek de Ensaios da Mont Pelerin Society, em Tóquio, por pesquisa no tema Escolhas Públicas e Livre Comércio. É advogado e consultor em Finanças Corporativas.
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