terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Michelangelo morreu há 450 anos

Miguel Ângelo (Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni) nasceu a 6 de março de 1475 em Caprese, então República de Florença, atual Itália, e morreu há 450 anos, a 18 de fevereiro de 1564, em Roma.
Escultor, pintor, arquiteto e poeta, Miguel Ângelo exerceu uma influência sem paralelo na arte ocidental. Os afrescos no teto da Capela Sistina, cenário que a Santa Sé escolhe para a eleição do sucessor de Pedro e para encontros com artistas e personalidades do mundo da cultura, constituem hoje, possivelmente, a sua obra mais conhecida.
Foi o primeiro artista a ser objeto de biografia - duas, para sermos exatos - enquanto ainda estava vivo.
Tornou-se aprendiz aos 13 anos, talvez depois de ultrapassar as objeções do pai, aprendendo do pintor mais proeminente de Florença, Domenico Ghirlandaio. O ensino ficou combinado por um período de três anos, mas Miguel Ângelo saiu no primeiro ano porque não tinha mais nada a aprender.
O talento de Michelangelo foi notado pelo administrador da cidade, Lorenzo de Medici, o "Magnífico", que o patrocinou. Com esta proximidade, Miguel Ângelo teve acesso à coleção do mecenas, dominada por fragmentos da antiga escultura romana.
Florença era então considerada o principal centro de arte, atraindo os melhores pintores e escultores da Europa, e a competição entre artistas era estimulante. Contudo, os tempos das grandes encomendas tinham terminado, e pintores como Leonardo da Vinci e o seu professor, Andrea del Verrocchio, nascidos em Florença, tinham partido para outras cidades, em busca de melhores oportunidades. Os Medici foram derrubados em 1494, mas Miguel Ângelo saiu antes do fim do regime.
Após a passagem por Bolonha e um breve regresso a Florença, concebeu a estátua "Bacchus", produzida em Roma nos anos de 1496-97 a partir de modelos de esculturas romanas. Este trabalho o levou à encomenda da "Pietà", na basílica de São Pedro, um dos seus trabalhos mais conhecidos, construído a partir de um só bloco de mármore.
A Pietà (italiano para Piedade) é um tema da arte cristã 
em que é representada a Virgem Maria com o corpo morto de Jesus nos braços.
Entre as esculturas produzidas nos anos seguintes incluem-se a figura de David, inicialmente pensada para a catedral de Florença, e representações da Virgem e da Sagrada Família.
Após o sucesso de "David", em 1504, Miguel Ângelo envolveu-se em grandes projetos, mas como recusava a colaboração de assistentes, foram vários os que ficaram sem conclusão.
O convite do papa Júlio II pôs fim aos projetos florentinos de Miguel Ângelo, onde ficou responsável pela pintura do teto da Capela Sistina (1508-12), espaço nobre utilizado, por exemplo, para a eleição dos sucessores de Pedro.
Inicialmente, o tema principal centrava-se nos apóstolos - os tetos mostravam normalmente figuras individuais, não cenas dramáticas. Vestígios deste projeto são visíveis nas 12 grandes figuras: sete profetas e cinco sibilas. A inclusão de figuras femininas não era habitual, embora não constituísse uma estreia.
O centro da grande superfície curvada foi preenchida com nove cenas do Gênesis: três sobre a criação do mundo, três sobre Adão e Eva, e três com narrativas relacionadas com Noé. Além dos profetas e sibilas, há ainda pequenas figuras das 40 gerações de antecessores de Cristo, começando por Abraão.
Foto de: L´Osservatore Romano.
Capela Sistina, a obra mais famosa de Michelangelo. 

Terminado o teto, Miguel Ângelo voltou a trabalhar em uma encomenda antiga, mudando da pintura para a escultura: o túmulo que o papa Júlio II lhe tinha confiado. O que com a morte do pontífice, em 1513, cortou os fundos e o projeto.
O sucessor, papa Leão X, era um dos filhos de Lorenzo, o "Magnífico", pelo que tinha conhecido Miguel Ângelo desde a infância. Entregou-lhe várias encomendas, mais em Florença, com projetos destinados a eternizar a glória dos Medici, do que no papado. A cidade florentina era então dirigida pelo primo do papa Leão, o cardeal Giulio de Medici, que se veio a tornar o papa Clemente VII entre 1523 e 1534. Miguel Ângelo trabalhou estreitamente com ele em ambos os reinos.
Em 1530 regressa a Florença, onde trabalha em escultura, saindo pela última vez da cidade quatro anos mais tarde, embora mantivesse o desejo de voltar, para terminar algumas das suas obras. Roma será então a sua morada até à morte. É a partir deste período que datam os primeiros poemas de sua autoria que chegaram até hoje.
Foto de: reprodução. 
Afresco 'Último Julgamento' 
na Capela Sistina.
Em 1534 regressa ao afrescos, 25 anos depois, executando para o papa Paulo III o "Último Julgamento", na parede de fundo da Capela Sistina. O esquema das cores é mais simples do que o do teto, enquanto que as figuras têm menos energia e as suas formas menos articuladas.
Ao centro, Cristo, como juiz, rodeado por uma multidão de apóstolos, santos, patriarcas e mártires, ergue um braço para salvar aqueles que estão à sua direita; à esquerda, a descida aos infernos.
Nos últimos anos, Miguel Ângelo envolveu-se mais na arquitetura, domínio que não exigia menos esforço físico. Dois dos principais espaços monumentais de Roma, o complexo do Monte Capitolino e a cúpula da basílica de São Pedro, são imagens de marca da cidade. Não terminou nenhum dos projetos, que foram continuados após a morte.
Ao mesmo tempo que dirigia a arquitetura da basílica petrina, Miguel Ângelo trabalhou em muitos projetos mais pequenos, em Roma. As suas últimas pinturas foram os frescos da Capela Paulina, no Vaticano.
Porventura, também Miguel Ângelo não tirou precisas conclusões das palavras de Cristo « Quem Me vê, vê o Pai »? Ele teve a coragem de admirar, com os próprios olhos, este Pai no momento em que profere o « fiat » criador e chama à existência o primeiro homem. Adão foi criado à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1, 26). Enquanto o Verbo eterno é o ícone invisível do Pai, o homem-Adão é o seu ícone visível. Miguel Ângelo esforça-se de todos os modos por dar de novo a esta visibilidade de Adão, à sua corporeidade, os traços da antiga beleza. Antes, com grande audácia, transfere essa beleza visível e corpórea ao próprio Criador invisível. Estamos provavelmente diante de uma invulgar ousadia da arte, porque ao Deus invisível não se pode impor a visibilidade própria do homem. Não seria uma blasfémia? É difícil, porém, deixar de reconhecer no Criador visível e humanizado o Deus revestido de majestade infinita. Antes, por tudo aquilo que a imagem com os seus limites intrínsecos consente, aqui se disse tudo o que era possível dizer. Tanto a majestade do Criador como a do juiz falam da grandeza divina: palavra comovedora e unívoca, tal como, de outro modo, comovedora e unívoca é a « Pietà » na Basílica Vaticana, e de igual modo o Moisés na Basílica de S. Pedro in Vincoli.
Trecho da homilia do Papa João Paulo II, na celebração por ocasião da inauguração do restauro dos afrescos de Michelangelo na Capela Sistina, em 08 de abril de 1994. 

Fonte: Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, organismo da Conferência Episcopal Portuguesa.

http://www.a12.com/formacao/detalhes/michelangelo-morreu-ha-450-anos

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