terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Padre professor brasileiro relata experiência de lecionar filosofia na Guiné Bissau

 Jaime C. Patias
A cooperação missionária é tarefa fundamental na vida das igrejas locais. Nesse sentido, a CNBB, através da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial vem colaborando com a formação de padres na Guiné Bissau. O Projeto envia professores para lecionar nas áreas de filosofia e teologia, no Seminário Maior que reúne seminaristas de Bissau e Bafatá, únicas dioceses do país.
Este ano viajou para lá o padre Guido Boufleur, da diocese de Santo Ângelo (RS). Natural de Cerro Largo (RS), licenciado em filosofia e teologia com especialização em liturgia e música, padre Guido lecionou história da filosofia durante todo o mês de janeiro. De regresso ao Brasil, ele fez uma parada em Brasília (DF) e falou sobre a experiência.
"O que mais me chamou atenção foi a vitalidade na rua. Gente alegre, solta, bonita, sempre caminhando de um lado para o outro. A vida é vivida na rua e não nas casas, principalmente à noite uma vez que lá não há energia elétrica e televisão com o que se ocupar dentro de casa. A casa é utilizada somente para dormir", relata o padre.
O Seminário Interdiocesano conta com 20 seminaristas na teologia e filosofia. Além disso, existem outros alunos no ano propedêutico. Os jovens falam a língua crioula e por isso, o forte do curso propedêutico é aprender português, francês e latim, além de introdução à filosofia e Bíblia.
"Com os alunos é extraordinário. Eles são atentos, alegres e dóceis, brincam e se aproximam. Há muita fraternidade entre os padres do Seminário e os padres professores. Estão sempre conversando assuntos bons. O clima é bom. Os alunos também demonstram muita alegria, falam e brincam bastante", comenta padre Guido. "Nas aulas, eu me senti muito bem. Era até divertido. Quando faltava um professor vinham me chamar para preencher a vaga. Alguns alunos de teologia pediam para assistir as minhas aulas de filosofia".
Na diocese de Santo Ângelo, padre Guido é editor do Folheto Litúrgico e pároco em Cinquentenário, no interior de Tuparendi, município na região noroeste do Rio Grande do Sul. Nos seus 40 anos de ministério, vividos entre o ensino e a pastoral, ele já esteve, por oito anos, na Amazônia em Marabá e Santarém onde foi professor de filosofia e teólogo.
Na Guiné Bissau, além das aulas, padre Guido realizou atividades pastorais nas paróquias. Falou aos jovens e casais sobre liturgia, catequese e dízimo. "As dioceses oferecem aos casais, cursos para prepará-los aos sacramentos e inseri-los na Igreja", explica. Ao falar sobre a importância da profissão de fé na Trindade, padre Guido conta como costuma resumir o tema: "Ninguém é mais do que ninguém, um ama o outro, todos obedecem a todos por que são iguais. Isso na família, na Igreja, a partir da Trindade".
Segundo padre Guido, outra coisa que impressiona é a disciplina das crianças nas missas. "Elas ficam atentas o tempo todo. O povo nos dá um banho de liturgia com cânticos e danças. Cantam o creio, o glória, o aleluia, o Santo e o Cordeiro. A combinação entre o teclado e os tambores, com as melodias é muito bonito".
Numa conversa com dom José Lampra, bispo auxiliar de Bissau, sobre a continuidade do Projeto, padre Guido diz ter se colocado à disposição. "Como fugir de uma coisa tão bonita? Depois, o que é que vou fazer no mês de janeiro no Rio Grande do Sul? É melhor fazer trabalho acadêmico e pastoral na Guiné Bissau. Um mês lá é melhor do que tirar férias. Poderia dizer que é como fazer férias sem despesas e ainda aprender coisas novas e diferentes", avalia.
A Comissão de Animação Bíblico-Catequética da CNBB também colabora com o Projeto. No mês de janeiro de 2013, o assessor da Comissão, padre Décio Walker, colega de diocese do padre Guido também esteve em Bissau para lecionar na área de Bíblia e catequese. Nos últimos anos já atuaram neste Projeto cerca de dez professores (as) do Brasil. Para dar autonomia na formação presbiteral, a PUC do Rio de Janeiro está preparando padres professores da própria Guiné Bissau.
Fonte: www.pom.org.br

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