terça-feira, 25 de março de 2014

Credibilidade de Dilma em jogo

Algo de podre está acontecendo na gestão da minha, da sua, da nossa Petrobrás.

Por Lev Chaim*

Enquanto os olhos do mundo se voltam para Haia, na Holanda, onde está acontecendo a Cúpula de Segurança Nuclear, com 58 líderes mundiais, entre eles o presidente Obama e o seu colega chinês Xi Jinping, a minha cabeça gira por outras bandas (logo mais, voltarei ao assunto). 

Os holandeses, acostumados a ver muitos de seus ministros de governo chegando de bicicleta ao trabalho, estão achando um absurdo todas essas medidas de segurança, que transformaram a capital política holandesa em uma cidadela militar. Principalmente os que moram em Haia estão reclamando.  

O grande ausente da cúpula foi o presidente russo, Vladimir Putin. Após a invasão da Crimeia, território ucraniano,pelas tropas russas, Putin desistiu de vir a Haia, para discutir o script oficial: evitar que grupos terroristas se apoderem de material nuclear. 

Mas Obama tem um esquema paralelo: reunir os países do G-7 (a Rússia caiu fora), para uma resposta em conjunto aos possíveis futuros atos de agressões de Putin a países vizinhos. 

Segundo o que foi publicado nos jornais holandeses, a Holanda foi escolhida como sede desta reunião de cúpula somente após o presidente Putin ter se recusado a sediá-la, já que ele estava ocupadíssimo com a realização das Olimpíadas de Inverno, em Sochi. Dois eventos internacionais seguidos seriam difíceis de organizar e manter a segurança, alegou o governo russo.

Ao lado das manchetes e análises sobre o evento do encontro de Cúpula em Haia, na seção de economia do jornal NRCHandelsblad, num artigo assinado pela sua correspondente no Brasil, FloorBoon, o Brasil foi destacado: "Novo escândalo atinge a Petrobrás e a presidente Dilma direto no peito". Foi essa notícia que colocou a minha cabeça de pernas para o ar.

Primeiramente, foram os homens de negócios que a leram com cuidado. Depois, tudo caiu na boca do povo, pois até um vizinho fez o picante comentário: "E nós que pensávamos que o Brasil fosse um país sério!".

Mencionando o jornal O Estado de São Paulo, FloorBoon citou que  a Petrobrás, em 2006, quando tinha a presidente Dilma Roussef no comando daquela estatal, havia comprado 50% das ações da refinaria Texana Pasadena por 1,2 bilhão de dólares, quando o seu proprietário anterior teria pago apenas 42,5 milhões de dólares. Está no artigo da holandesa. 

Em resposta escrita, continouBoon, Dilma teria dito que aquela sua decisão havia sido tomada com base em informações técnicas e jurídicas erradas, fornecidas então por um de seus diretores da Petrobrás Internacional, Nestor Ceveró. Fraudes e investigações policiais e jurídicas estão a caminho e a oposição pede também uma investigação parlamentar. 

E para o meu maior espanto, o artigo da correspondente holandesa no Brasil foi mais longe em sua análise. Ela citou que o momento não poderia ser mais impróprio para Dilma do que este, quando ela procura a reeleição para a presidência do país, em outubro deste ano.

Por que, perguntei-me? Bloon respondeu: Porque até agora, Dilma sempre mostrou a sua gestão frente à Petrobrás como um grande trunfo de seu tirocínio gerencial administrativo. 

Além disto, Bloon também mencionou o escândalo de corrupção de funcionários da Petrobrás, pagos pela empresa holandesa, SBM Offshore, que está já há algum tempo nas manchetes de jornais brasileiros.

E FloorBoon citou também um artigo do "respeitado" jornalista Elio Gaspari, para o jornal a Folha de São Paulo, comentando o enorme prejuízo das estatais Petrobrás e Eletrobrás, juntas, desde que a senhora Dilma Roussef assumiu a presidência do país, em janeiro de 2011. Preparados? Escutem só: “100 bilhões de dólares de prejuízo”. Os holandeses leram isto e a notícia já se espalhou pela Europa.

E para finalizar, a correspondente holandesa transpôs literalmente as linhas da colunista da Folha, Eliane Cantanhêde: "Tememos que algo de podre está a ocorrer na gestação da minha, sua e nossa Petrobrás, como também em todo o setor energético, justamente o setor em que se baseia a carreira e imagem de grande administradora de Dilma".

Depois de ler tudo isto, ouvir o comentário jocoso do vizinho, não pude pensar em mais nada, nem mesmo na Cúpula de Energia Nuclear em seu último dia, hoje, em Haia. Vamos deixar tudo assim ou apurar a verdade?

Repetindo o refrão de Cantanhêde, o Brasil não é meu e nem seu, é nosso e a credibilidade de nossa presidente está em jogo. Como também digo que Cuba não é apenas dos irmãos Castro, mas de todos os cubanos. Concordam comigo?
*Lev Chaim é jornalista, colunista, publicista da FalaBrasil e trabalhou 20 anos para a Rádio Internacional da Holanda, país onde mora. Escreve às terças-feiras no Dom Total.

Nenhum comentário:

Postar um comentário