sábado, 10 de maio de 2014

Mulher que teve ama de leite retribui boa ação doando leite materno

Mãe de Raquel Nakazato não pode amamentá-la quando criança. 
Hoje, mãe de duas crianças, ela é doadora do Banco de Leite de Bauru.

Do G1 Bauru e Marília

Raquel doou leite durante amamentação dos seus dois filhos  (Foto: Renata Marconi / G1)Raquel doou leite durante amamentação dos seus dois filhos (Foto: Renata Marconi / G1)
Raquel e a filha mais nova Catarina, de 3 anos (Foto: Renata Marconi / G1)Raquel e a filha mais nova Catarina, de 3 anos
(Foto: Renata Marconi / G1)
Com dois filhos saudáveis, Raquel Nakazato Pinotti, ajudou a deixar outras crianças também com saúde. Ela doou leite nas duas vezes em que amamentou e sabe muito bem a importância dessa doação. A mãe de Raquel não teve leite suficiente para ela e seus dois irmãos, que mamaram em uma ama de leite, já que não era comum a doação em bancos de leite quando ela era pequena.
Essa experiência foi importante para que ela se tornasse uma doadora de leite materno. Raquel acredita que se você faz uma doação, acaba recebendo outra, como uma cadeia de boas ações. “Doo para ajudar as crianças, afinal podia ser eu precisando, como minha mãe também precisou. Tenho filhos saudáveis e ainda posso ajudar outros”.
A pesquisadora de economia, de 37 anos, ficou sabendo sobre a doação de leite através de sua cunhada, que já havia doado, e como tinha muito leite também procurou o Banco de Leite de Bauru (SP). Na primeira vez Raquel não sabia direito como fazer, mas a equipe do banco deu todas as orientações necessárias. Ela viajava bastante quando amamentava o Felipe, hoje com 6 anos, e como precisava tirar o leite para deixar para ele, já tirava para doar também.  Agora indica para todas as mães que conhece. “Quando você tem muito leite precisa tirar de qualquer jeito, para não ter inflamação, então porque não doar? Eu mesma, quase tive mastite (inflamação)”, contou a mãe.
Catarina, a filha mais nova, de 3 anos, já aprende com a mãe que é preciso saber compartilhar. “Para ela eu ensino com bonecas e roupas, porque ainda é complexo ela entender sobre a importância da doação do leite materno”. Apesar de ter doado as duas vezes, ela acredita que ainda é difícil achar onde doar o leite, apesar da orientação da equipe ser muito boa, segundo ela.  Por isso, para Raquel fica a sensação de dever cumprido. “É uma realização, me sinto agraciada." Próximo ao Dia das Mães, Raquel deixou um recado para todas as mães que podem ajudar. “Ser mãe é vida. E pode não ser a vida só do seu filho, pode ser de outra pessoa também”.
Cristiane agradece doadores de leite materno para seu filho Miguel (Foto: Renata Marconi / G1)Cristiane agradece doadores de leite materno para
seu filho Miguel (Foto: Renata Marconi / G1)
Doação salva vida
Miguel tem apenas 1 ano e dois meses e já pode agradecer a mães que tem boas ações como a Raquel. O pequeno ficou internado cinco dias quando nasceu tomando banho de luz e a mãe, Cristiane Gomes da Silva, não tinha mais leite quando ele teve alta.
O pediatra do bebê recomendou que Cristiane procurasse o banco de leite, já que ele tinha deficiência de uma enzima chamada G6PD no sangue e precisava ser alimentado com leite materno. A enzima auxilia na produção de substâncias que as protegem de fatores oxidantes.  O diagnóstico é feito durante a triagem neonatal, através do teste do pezinho ampliado. Cristiane então procurou o banco de leite com o encaminhamento do médico.
Miguel precisa tomar o leite materno até os 2 anos e vai precisar de muitas mães como Raquel para ter esse alimento. Apesar de Cristiane não ter conhecido nenhuma mulher que teria doado leite para seu filho, ela teve o exemplo dentro de casa. A mãe dela já foi doadora de leite e ela garante que se tiver outro filho vai querer amamentar e, se for possível, ajudar outras mães também.
A promotora de vendas, de 28 anos, segue as orientações para dar o leite ao filho corretamente e também para buscar o alimento. Para alimentá-lo uma vez por dia é necessário pegar o leite em uma bolsa térmica, descongelar em banho-maria e depois separar em vidrinhos de 30 mililitros. “Sempre presto atenção se vai acabar para poder pegar mais. Ele não pode interromper o tratamento, então não pode faltar leite”.  Cada vez que ela pega o leite, costuma durar 12 dias.
Não só no Dia das Mães, mas especialmente na data, Cristiane aproveita para agradecer as mulheres de bom coração que doam leite materno, para nunca faltar para Miguel. “O leite de outras mães salvou meu filho."
Leite é armazenado abaixo de zero após pasteurização (Foto: Renata Marconi / G1)Leite é armazenado abaixo de zero após pasteurização (Foto: Renata Marconi / G1)
Banco de leite
O Banco de Leite de Bauru ainda consegue suprir a necessidade das mães atendidas pelo órgão, que é ligado à Secretaria Municipal de Saúde, mas o estoque está em baixa e algumas medidas, como a diminuição da quantidade distribuída por criança, são tomadas para que nenhuma fique sem o leite.  A enfermeira Rosana Govea entende que nem todas as mães tem tempo suficiente para fazer o trabalho que é necessário para doar, mas lembra de que muitas crianças são salvas com as doações.
Atualmente em Bauru, há 46 doadoras e em média cada uma doa 250 ml por semana. Em março, no último balanço registrado, havia 56 doadoras para 63 receptores. Ainda com o agravante que nem todo leite arrecadado é usado, já que após os exames algumas coletas precisam ser descartadas.
Estoque de leite materno está baixo em Bauru (Foto: Renata Marconi / G1)Estoque de leite materno está baixo em Bauru
(Foto: Renata Marconi / G1)
O banco recebe a partir de 200 ml de leite para doação, depois será feito exames e o processo de pasteurização. “Menos que isso não conseguimos tirar nem para exame”.  A lactante tem restrições como não pode ser portadora de HIV, toxoplasmose, Hepatite B e C, entre outras sorologias. É proibido o uso de drogas, álcool e cigarro.  Também não são aceitas doadoras que tomem remédios contraindicados para lactantes", explica.
O leite é tirado toda vez que a mãe amamenta e dura cerca de 10 a 15 minutos. A coleta deve ser feita em uma vasilha ferventada por 15 minutos e depois depositada no vidro dado pelo banco de leite que deve ficar sempre no congelador. A enfermeira lembra que o vidro deve ser tirado do congelador apenas para colocar a coleta.
Rosana explica que a mãe sente quando tem muito leite, pois o seio começa a doer. No banco de leite há o atendimento ambulatorial onde é ensinado como tirar o leite, já que mesmo que não seja doado, a mulher precisa tirar este leite já que pode causar inflamação e o leite empedrar por causa do acúmulo.
O Banco de Leite fica na Praça das Cerejeiras, 1-40, centro.  Outras informações pelo telefone (14) 3226-3227
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário