E-mails dão trabalho, mas levam o mesmo carinho das velhas cartas românticas.
Por Evaldo D´Assumpção*
Sou de um tempo em que as pessoas distantes se comunicavam por telegramas, cartas ou telefone. Voltando à minha infância, no interior de Minas, lembro-me do enorme aparelho pregado à parede, com uma manivelinha que era girada para chamar a telefonista central. A ela dava-se o nome ou o número de quem se queria contatar, colocando-se em seguida o fone no gancho. Tempos depois, quando ela conseguia o “milagre” da conexão, voltava a chamar o interessado que poderia então falar com a pessoa desejada. Quase sempre aos gritos, pois a qualidade das ligações era péssima. Afinal, Graham Bell fez a primeira experiência com o telefone em 1876 e em cinquenta anos não seria possível grandes avanços nas comunicações, com os recursos então existentes.
Depois veio o telefone de mesa que dispensava a telefonista, mas obter uma linha livre que permitisse discar o número desejado exigia paciência superior à de Jó. Hoje os celulares, iPhones, iPods e assemelhados resolveram milhares de problemas, porém trouxeram outros tantos, e às vezes bem mais complicados.
O telégrafo, inventado por Samuel Morse em 1844, portanto bem antes dos telefones, hoje é pouco utilizado, substituído que foi pelo telex, pelos fax, de uso preferencialmente comercial ou para notícias rápidas. Curiosamente o sistema fax foi inventado antes do telefone, porém só em 1966 teve o seu uso popularizado por ter sido acoplado às linhas telefônicas.
Chegamos então ao correio eletrônico, nascido em 1965 com mensagens trocadas entre computadores, portanto antes da Internet. Inserido na rede, popularizou-se de tal modo que é hoje uma realidade irreversível, substituindo os telegramas, os telefonemas, as cartas. Com isso, os correios só não fecharam de vez porque ainda restam os pacotes que ainda utilizam o bastante precário serviço postal, além de ter incorporado outros serviços que nada têm a ver com o original. Denominado “courrier électronique” na França, “correo electrónico” na Espanha, hoje a palavra inglesa “e-mail” tornou-se denominação internacional, constando até do Dicionário Houaiss.
Com toda essa jornada pelos tortuosos caminhos da comunicação, chegamos a esse meio prático, fácil e eficiente para nos comunicarmos com rapidez. Contudo ainda são muitas as pessoas refratárias ao uso dos e-mails.
Uma boa parte está coberta de razão, pois é enorme o mal-uso dessa simples forma de comunicação. Mensagens inúteis utilizam o famigerado Fwd (sigla que permite ao receptor de um e-mail reenviá-lo, até mesmo sem lê-lo!) para uma infinidade de pessoas, pois listas de endereços eletrônicos hoje se compram facilmente. Pelo seu uso gratuito e por sua facilidade, usuários irresponsáveis aborrecem com suas tolices aqueles que se beneficiariam com a seriedade dos e-mails.
Mas, ao invés de desmerecê-los, quero é exaltá-los, fazendo um apelo aos que perdem seu tempo enviando mensagens sem qualquer sentido para quem não as solicitou. Que tais remetentes compulsivos consultem sempre a seus destinatários usuais, se eles gostam e se querem continuar recebendo aqueles e-mails. Geralmente piadinhas (algumas de até muito mau gosto), pegadinhas, notícias sem qualquer confirmação, ofertas de produtos bizarros, etc. que enchem as caixas de entrada.
E sugerir a quem diz não gostar de abrir e-mails, que reavaliem sua posição, pois muitas coisas importantes nos chegam rapidamente por esse sistema. Cito um exemplo recente: lancei meu livro Castelhanarte (Ed. Fumarc), em Belo Horizonte, no dia 5 de agosto pp. Vinte dias antes, postei quase 500 convites no correio de Guarapari, a um custo exorbitante. Até onde sei, menos da metade chegou ao seu destino a tempo do lançamento. O restante se perdeu ou ainda está “a caminho”... Como havia mandado também por e-mail, os que o abriram receberam-no no mesmo dia da remessa e puderam estar presentes. Os que não o receberam, foram os que me disseram depois que não costumam abrir seus e-mails.
E-mails decentes, honestos, e pessoais (não Fwd...) dão tanto trabalho quanto as antigas “mal traçadas linhas”, das cartas românticas, mas levam o mesmo carinho e consideração que elas o faziam. Portanto, merecem ser abertos e lidos. Se for bobagem, basta um Shift+Del para que desapareçam. E se forem repetidas, basta classificá-las como Lixo Eletrônico, e elas irão para esta caixa, que periodicamente devem ser esvaziadas do que elas realmente contém: lixo.
Sou de um tempo em que as pessoas distantes se comunicavam por telegramas, cartas ou telefone. Voltando à minha infância, no interior de Minas, lembro-me do enorme aparelho pregado à parede, com uma manivelinha que era girada para chamar a telefonista central. A ela dava-se o nome ou o número de quem se queria contatar, colocando-se em seguida o fone no gancho. Tempos depois, quando ela conseguia o “milagre” da conexão, voltava a chamar o interessado que poderia então falar com a pessoa desejada. Quase sempre aos gritos, pois a qualidade das ligações era péssima. Afinal, Graham Bell fez a primeira experiência com o telefone em 1876 e em cinquenta anos não seria possível grandes avanços nas comunicações, com os recursos então existentes.
Depois veio o telefone de mesa que dispensava a telefonista, mas obter uma linha livre que permitisse discar o número desejado exigia paciência superior à de Jó. Hoje os celulares, iPhones, iPods e assemelhados resolveram milhares de problemas, porém trouxeram outros tantos, e às vezes bem mais complicados.
O telégrafo, inventado por Samuel Morse em 1844, portanto bem antes dos telefones, hoje é pouco utilizado, substituído que foi pelo telex, pelos fax, de uso preferencialmente comercial ou para notícias rápidas. Curiosamente o sistema fax foi inventado antes do telefone, porém só em 1966 teve o seu uso popularizado por ter sido acoplado às linhas telefônicas.
Chegamos então ao correio eletrônico, nascido em 1965 com mensagens trocadas entre computadores, portanto antes da Internet. Inserido na rede, popularizou-se de tal modo que é hoje uma realidade irreversível, substituindo os telegramas, os telefonemas, as cartas. Com isso, os correios só não fecharam de vez porque ainda restam os pacotes que ainda utilizam o bastante precário serviço postal, além de ter incorporado outros serviços que nada têm a ver com o original. Denominado “courrier électronique” na França, “correo electrónico” na Espanha, hoje a palavra inglesa “e-mail” tornou-se denominação internacional, constando até do Dicionário Houaiss.
Com toda essa jornada pelos tortuosos caminhos da comunicação, chegamos a esse meio prático, fácil e eficiente para nos comunicarmos com rapidez. Contudo ainda são muitas as pessoas refratárias ao uso dos e-mails.
Uma boa parte está coberta de razão, pois é enorme o mal-uso dessa simples forma de comunicação. Mensagens inúteis utilizam o famigerado Fwd (sigla que permite ao receptor de um e-mail reenviá-lo, até mesmo sem lê-lo!) para uma infinidade de pessoas, pois listas de endereços eletrônicos hoje se compram facilmente. Pelo seu uso gratuito e por sua facilidade, usuários irresponsáveis aborrecem com suas tolices aqueles que se beneficiariam com a seriedade dos e-mails.
Mas, ao invés de desmerecê-los, quero é exaltá-los, fazendo um apelo aos que perdem seu tempo enviando mensagens sem qualquer sentido para quem não as solicitou. Que tais remetentes compulsivos consultem sempre a seus destinatários usuais, se eles gostam e se querem continuar recebendo aqueles e-mails. Geralmente piadinhas (algumas de até muito mau gosto), pegadinhas, notícias sem qualquer confirmação, ofertas de produtos bizarros, etc. que enchem as caixas de entrada.
E sugerir a quem diz não gostar de abrir e-mails, que reavaliem sua posição, pois muitas coisas importantes nos chegam rapidamente por esse sistema. Cito um exemplo recente: lancei meu livro Castelhanarte (Ed. Fumarc), em Belo Horizonte, no dia 5 de agosto pp. Vinte dias antes, postei quase 500 convites no correio de Guarapari, a um custo exorbitante. Até onde sei, menos da metade chegou ao seu destino a tempo do lançamento. O restante se perdeu ou ainda está “a caminho”... Como havia mandado também por e-mail, os que o abriram receberam-no no mesmo dia da remessa e puderam estar presentes. Os que não o receberam, foram os que me disseram depois que não costumam abrir seus e-mails.
E-mails decentes, honestos, e pessoais (não Fwd...) dão tanto trabalho quanto as antigas “mal traçadas linhas”, das cartas românticas, mas levam o mesmo carinho e consideração que elas o faziam. Portanto, merecem ser abertos e lidos. Se for bobagem, basta um Shift+Del para que desapareçam. E se forem repetidas, basta classificá-las como Lixo Eletrônico, e elas irão para esta caixa, que periodicamente devem ser esvaziadas do que elas realmente contém: lixo.
*Evaldo D'Assumpção é médico e escritor.
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