21/10/2014 | domtotal.com
Divisão sobre temas mostra racha entre bispos do Norte da Europa e prelados da África e dos EUA.
Por Reinaldo José Lopes
Os debates acirrados que marcaram as duas semanas do Sínodo também serviram para mostrar que, além da divisão tradicional entre conservadores e liberais, também estão se consolidando divisões geopolíticas nos altos escalões da Igreja Católica.
Ao longo do encontro, esse duelo deve, de um lado, bispos do Norte da Europa, em especial alemães. Defensores da comunhão para fiéis divorciados em ao menos alguns casos e de mais abertura diante dos católicos gays.
Do outro, prelados da África e dos Estados Unidos foram os opositores mais destacados dessa abordagem, chegando a acusar a coordenação do sínodo de manipulação e de falsear os ensinamentos da Igreja.
É bastante provável, aliás, que a pressão exercida por religiosos como o cardeal sul-africano Wilfrid Napier e o arcebispo nigeriano Ignatius Kaigama, tenha sido responsável por um dos trechos mais polêmicos do relatório final.
Os bispos condenam o que enxergam como pressão de agências internacionais sobre países pobres – não é aceitável que a ajuda financeira a essas nações seja condicionada à aprovação de leis que permitam o casamento gay, diz o texto.
“As organizações internacionais querem fazer com que os desviemos de nossas práticas culturais, tradições e até crenças religiosas. Mas dizemos não a elas. Já somos maiores de idade”, declarou Kaigama, ao “Boston Globe”.
Napier não só criticou com veemência o rascunho do documento final como acabou escolhido para participar da redação do texto depois que bispos africanos reclamaram que nenhum representante do continente tinha sido nomeado para essa tarefa.
Em ascensão
A importância da hierarquia católica africana deve continuar crescendo porque o continente foi o que proporcionalmente mais trouxe fiéis para a Igreja no último século – em cem anos, o número de católicos africanos passou de 2 milhões para 130 milhões.
Os bispos da África tiveram o apoio de prelados americanos, como o cardeal Raymond Burke, Ele e outros bispos dos EUA mantiveram um alinhamento rígido com a doutrina oficial da Igreja durante os papados de João Paulo II e Bento XVI, ambos considerados conservadores.
Por outro lado, religiosos alemães como os cardeais Walter Kasper e Reinhard Marx defendem publicamente soluções para a situação dos católicos divorciados, muitos dos quais hoje se consideram excluídos da Igreja.
A Igreja católica de países como a Alemanha e a Bélgica sofre com a falta de sacerdotes e os fiéis são cada vez menos presentes à missa. Mas muitos dos maiores teólogos católicos continuam saindo das grandes universidades confessionais alemãs.
Os debates acirrados que marcaram as duas semanas do Sínodo também serviram para mostrar que, além da divisão tradicional entre conservadores e liberais, também estão se consolidando divisões geopolíticas nos altos escalões da Igreja Católica.
Ao longo do encontro, esse duelo deve, de um lado, bispos do Norte da Europa, em especial alemães. Defensores da comunhão para fiéis divorciados em ao menos alguns casos e de mais abertura diante dos católicos gays.
Do outro, prelados da África e dos Estados Unidos foram os opositores mais destacados dessa abordagem, chegando a acusar a coordenação do sínodo de manipulação e de falsear os ensinamentos da Igreja.
É bastante provável, aliás, que a pressão exercida por religiosos como o cardeal sul-africano Wilfrid Napier e o arcebispo nigeriano Ignatius Kaigama, tenha sido responsável por um dos trechos mais polêmicos do relatório final.
Os bispos condenam o que enxergam como pressão de agências internacionais sobre países pobres – não é aceitável que a ajuda financeira a essas nações seja condicionada à aprovação de leis que permitam o casamento gay, diz o texto.
“As organizações internacionais querem fazer com que os desviemos de nossas práticas culturais, tradições e até crenças religiosas. Mas dizemos não a elas. Já somos maiores de idade”, declarou Kaigama, ao “Boston Globe”.
Napier não só criticou com veemência o rascunho do documento final como acabou escolhido para participar da redação do texto depois que bispos africanos reclamaram que nenhum representante do continente tinha sido nomeado para essa tarefa.
Em ascensão
A importância da hierarquia católica africana deve continuar crescendo porque o continente foi o que proporcionalmente mais trouxe fiéis para a Igreja no último século – em cem anos, o número de católicos africanos passou de 2 milhões para 130 milhões.
Os bispos da África tiveram o apoio de prelados americanos, como o cardeal Raymond Burke, Ele e outros bispos dos EUA mantiveram um alinhamento rígido com a doutrina oficial da Igreja durante os papados de João Paulo II e Bento XVI, ambos considerados conservadores.
Por outro lado, religiosos alemães como os cardeais Walter Kasper e Reinhard Marx defendem publicamente soluções para a situação dos católicos divorciados, muitos dos quais hoje se consideram excluídos da Igreja.
A Igreja católica de países como a Alemanha e a Bélgica sofre com a falta de sacerdotes e os fiéis são cada vez menos presentes à missa. Mas muitos dos maiores teólogos católicos continuam saindo das grandes universidades confessionais alemãs.
SIR/ Folha de S. Paulo
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