sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

E o Oscar vai para...

É só abrir as listas com a relação dos indicados que ‘lembro de tudo’.

Por Patrícia Azevedo*
A frase que todos esperam – cercada de suspense, expectativa, ansiedade. ‘E o Oscar vai para...’ Foi só escrevê-la que sons tomaram meus pensamentos: a voz empostada do apresentador, sua pausa e respiração, os aplausos da plateia. Realmente gosto deste momento. Só que raramente fico acordada para presenciá-lo. Pois é. A transmissão começa tarde, há o trabalho, a faculdade. E o Youtube. Graças a ele acabei de ouvir Jeff Bridges repetir a tradicional frase e chamar Natalie Portman para receber o Oscar de melhor atriz em 2011, por Cisne Negro. De emocionar.
Tento então reunir os motivos que me fazem ir para a cama ao invés de acompanhar a solenidade ao vivo. Gosto muito do Oscar pelo que ele representa – a premiação mais importante do cinema. Por sua história – foi instituído em 1929 pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, em Los Angeles. Pela comoção que causa mundo afora – comentários, críticas, apostas, contagem regressiva. E finalmente por ser uma defensora dos rituais, mesmo aqueles caretas ou estabelecidos ‘pelos outros’. É só criar o seu próprio significado [ou adaptá-lo].
Concluo, então, que o problema está na cerimônia. Primeiro, o horário de início aqui no Brasil, por volta de 23h. Fosse mais cedo, provavelmente assistiria. Depois, a duração. A parte ‘E o Oscar vai para...’ é sensacional, mas chegar até ela. Tapete vermelho, repórteres improvisando, repórteres repetindo a mesma informação pela 529ª vez, comentários sobre vestidos, penteados, mais vestidos. Quando finalmente começa, intervalo. Depois outro. ‘Agora vamos tirar a selfie do Oscar’. Tudo isso faz parte e compõe a formalidade [e não sugiro que sejam retirados, pelo contrário]. Só não tenho paciência.
E tem uma coisa que realmente me ganha, mexe comigo, enche meu coração. As listas. Este é o meu ritual, o momento que não posso perder: pegar o jornal do dia seguinte, ou abrir um site de notícias, e ver todos os filmes que estavam concorrendo ‘enfileirados’. E ver os ganhadores em negrito. Meu lado Nick Hornby vai ao delírio. Questiono algumas escolhas, anoto aqueles que ainda não vi, falo uns palavrões se o meu preferido não ganhou. Porque claro, sou daquelas que torcem. Torcem muito. Atleticana, vocês sabem. Este ano já ‘vesti a camisa’ pelos longas Boyhood e  Whiplash, e pela canção Lost Stars, de Begin Again.
Vou ficar muito triste se não ganharem. Mas vou esquecer rápido também – a derrota, os detalhes. Os filmes, nunca. Volto ao futebol. É como aquele jogo em que o Galo bateu o São Paulo no Mineirão, logo após o Cruzeiro ter perdido a libertadores. Se você for menino e atleticano, provavelmente saberá data, placar, escalação, técnicos. Eu não. Mas recordo a emoção, a euforia da torcida. Assim acontece com o Oscar. O melhor filme estrangeiro de 2013? Não sei dizer. Os diretores mais premiados? Tampouco. Mas é só abrir as listas com a relação dos indicados que ‘lembro de tudo’. E meu coração ascende outra vez.
*É graduada em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com formação complementar em Ciências Sociais. Especialista em Gestão Estratégia da Comunicação pela PUC-Minas. Foi bailarina do Grupo Experimental 1º Ato e integrou a equipe do programa ‘Livro Aberto’ (atual ‘Imagem da Palavra’) da Rede Minas de Televisão. Atuou também, como jornalista, nas assessorias de comunicação da UFMG, do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais, Assembleia Legislativa de Minas Gerais e Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar. É repórter do portal Dom Total.

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