sexta-feira, 8 de maio de 2015

Estudo nega que redes criem bolha ideológica

Estudo analisou 10 milhões de usuários do Facebook e sete milhões de links da web.

Redes sociais como o Facebook não estão colocando os usuários em uma bolha de informações ideológica, apesar dos temores em contrário - revelou uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira.
O estudo publicado pela revista Science, baseado em uma análise de 10 milhões de usuários do Facebook e sete milhões de links da internet, encontrou que muitas das histórias compartilhadas na rede social permitiu que as pessoas obtivessem pontos de vista diferentes dos seus.
Os resultados minimizam as preocupações de alguns setores com o fato de que as redes sociais estariam levando à polarização política ao agrupar as pessoas ao longo de linhas ideológicas e não expô-las a pontos de vista opostos.
A pesquisa, conduzida por cientistas de dados do Facebook e da Universidade de Michigan, continha numerosas advertências sobre como identificar a inclinação ideológica de usuários e inclinações políticas inerentes nas notícias, mas sugeriu que os temores de uma bolha de informações Facebook eram exagerados.
O Facebook tem estado na mira dos pesquisadores porque usa algoritmos que visam oferecer histórias relevantes para cada usuário com base em seus interesses.
Em um comunicado, o Facebook disse que o estudo mostra que seus usuários estão recebendo variados pontos de vista.
"Descobrimos que a maioria das pessoas têm amigos que reivindicam uma ideologia política contrária, e que o conteúdo do feed de notícias das pessoas reflete esses diversos pontos de vista", afirmou a rede social.
"O feed de notícias mostra um conteúdo que é ligeiramente mais alinhado com a própria ideologia da pessoa, porém os amigos que você escolhe e o conteúdo em que você clica são fatores mais importantes do que o ranking do feed em termos da quantidade de conteúdo que você encontra que atravessa uma linha ideológica".
Escolha individual é a chave
No estudo, os pesquisadores disseram que os algoritmos não parecem ser o fator mais importante na filtragem das notícias do ponto de vista ideológico, e que "a escolha individual" desempenha um papel mais importante na limitação da exposição a diferentes pontos de vista.
O estudo descobriu que os usuários do Facebook foram expostos ao chamado "conteúdo transversal" - assim, liberais obtiveram informações com uma inclinação conservadora, e vice-versa.
"O quanto de conteúdo transversal que os indivíduos encontram depende de quem são seus amigos e que informações os amigos compartilham", escreveram os autores.
"Se os indivíduos adquiriram informações de outras pessoas aleatórias, cerca de 45% do conteúdo ao qual pessoas liberais estariam expostas seria transversal, em comparação com 40% para os conservadores", disse o estudo.
O Facebook disse que a pesquisa apoia a conclusão de um estudo de 2012 e acrescenta melhores números sobre como as histórias compartilhadas atravessam as linhas políticas e ideológicas.
A pesquisa, observou o Facebook, mostra que, em média, 23% dos amigos das pessoas reivindicam uma ideologia política contrária, e que entre o conteúdo de notícias compartilhada 29,5% atravessam linhas ideológicas.
"Quando se trata de o que as pessoas veem no feed de notícias, 28,9% das notícias atravessam linhas ideológicas", segundo o Facebook.
A pesquisa vem em meio a relatos de que o Facebook está trabalhando com a indústria de notícias para hospedar seu conteúdo em seus próprios servidores, a fim de fornecer informações mais relevantes e oportunas para os leitores.
Um relatório recente do Centro de Pesquisa Pew descobriu cerca de 30% dos norte-americanos obtêm pelo menos algumas de suas notícias a partir do Facebook.
AFP

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