É indispensável olhar para o
Filho de Deus, sempre sensível às necessidades mais elementares de todo um povo
ou uma multidão de pessoas, todos cercados pelo sofrimento ao mesmo tempo.
Somos convocados, como seus discípulos e seguidores, hoje, com um coração bom, grande e generoso, numa
atitude responsável a repetir o mesmo gesto do Mestre e Senhor. Cinco pães e dois peixes tem como
resultado a soma sete, um número teológico completo, perfeito (cf. Jo 6, 1-15).
Pelo o esforço da partilha e desperdício é claro que podemos enxergar o grande
e maior milagre, a manifestação da glória de Deus, sinal de um mundo mais justo
e mais solidário. Como seria maravilhoso sempre se expressar, de acordo com a vontade do Pai: “Ao senhor quero cantar, pois fez bilhar a
sua glória!” (cf. Ex 15, 1).

O Papa Francisco em suas palavras
antes da oração mariana do Ângelus (26.07.2015), deixou claro que os discípulos
raciocinam com mentalidade de 'mercado';
destacou que a ninguém falte o pão e uma vida digna e ainda: Jesus sacia
a fome do sentido da vida, falando da substituição da lógica do mercado que é
'comprar' pela a lógica de Deus que é
‘dar'. Comentou de um modo simples, quanto profundo, o Evangelho do domingo,
o qual fala da multiplicação dos pães e
dos peixes, deixando claro que Jesus sacia não só a fome material, mas aquela
mais profunda, a fome do sentido da vida, a fome de Deus. E acrescentou: “Jesus
não é só alguém que cura, que realiza milagres, mas é também Mestre. De fato,
sobe a montanha e se senta, na típica atitude do mestre quando ensina: sobe
sobre aquela ‘cátedra’ natural criada pelo seu Pai celeste”.
Como o Santo Padre nos encanta ao
falar do "agir e do poder misericordioso de Deus, que nos cura de todos os
males do corpo e do espírito". E da janela do escritório do último andar
do Palácio Apostólico, o Pontífice citou os gestos realizados naquela ocasião
por Jesus, que “tomou aqueles pães e aqueles peixes, deu graças ao Pai e os
distribuiu”, antecipando “aqueles da Última Ceia, que dão ao pão de Jesus seu
significado mais profundo e verdadeiro”.
Por fim concluiu o Sumo
Pontífice: “Participar da Eucaristia significa entrar na lógica de Jesus, a
lógica da gratuidade, da partilha; comungar significa também atingir de Cristo,
a graça que nos torna capazes de partilhar com os outros o que somos e o que
temos”. Aqui percebo uma enorme afinidade na mística do Sevo de Deus, Dom
Helder Câmara, que soube ver o rosto de
Deus na dor, na angústia e no sofrimento do próximo, a exemplo de Nosso senhor
Jesus Cristo, numa profunda e terna compaixão, desejando-lhe sua restauração
por inteiro: “Se eu pudesse sairia povoando de sono e de sonhos as noites mal
dormidas dos desesperados”.
Será que estamos perto de voltar
às origens do cristianismo e a reaprender o Evangelho? O Papa Francisco é contumaz e dar o exemplo, dizendo-nos que
devemos beber novamente da fonte d’água da vida que é o próprio Deus. Aqui
faz-nos lembrar o Papa João XXIII, na
aula inaugural do Concilio Vaticano II (1962-1965), quando disse com força: “Aqui
estamos para a nossa conversão” e ele mesmo se incluía; significando que nós,
cristãos, padres e bispos e até o Papa, todos chamados à conversão do coração,
que no dizer do Cardeal Lorscheider, em consonância com do espírito do referido Concílio, trata-se da Igreja povo de
Deus, Igreja toda missionária, peregrina na história, despojada, servidora e sempre necessitada de conversão. Assim seja!
*Escritor, blogueiro, colunista, vice-presidente da
Previdência Sacerdotal e Pároco de Santo Afonso, Parquelândia, Fortaleza-CE –
geovanesaraiva@gmail.com
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