Juiz responsável pela operação participou de palestra em São Paulo.
Magistrado disse ainda que, em geral, judiciário no Brasil é lento.
O juiz responsável pela Lava Jato, Sergio Moro, afirmou nesta sexta-feira (3) que as prisões realizadas durante a Lava Jato as investigações são "exceção" e "fundamentadas". Ele também disse que não existe uma divulgação seletiva dos dados e informações do processo.
Na quinta-feira (2), a Polícia Federal deflagrou a 15ª fase da Lava Jato, no Rio de Janeiro e em Niterói. Na ocasião, foi preso o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada.
No dia 19 de junho, na 14ª fase, a PF cumpriu 59 mandados judiciais em SP, RJ, MG e RS. A operação teve como alvo as empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez e prendeu os seus respectivos presidentes - Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo.
As prisões de executivos e ex-servidores da Petrobras têm sido criticadas por advogados. Eles alegam que a medida é desnecessária, porque seus clientes não demonstraram intenção de deixar o país ou atrapalhar as investigações.
Moro deu uma palestra em São Paulo nesta sexta-feira em um congresso sobre jornalismo investigativo. Em sua fala, ele se defendeu das críticas às prisões.
"Muito se discute a presunção de inocência. O aspecto principal é que só se condena criminalmente alguém quando tem certeza da responsabilidade criminal. Outra questão diz respeito à prisão no decorrer do processo. Essas prisões são decretadas como exceção, sempre fundamentadas no que diz a legislação brasileira. Pode-se até criticar e eventualmente discordar. Existe a possibilidade de recursos. A minha perspectiva dessas prisões é que elas são excepcionais", afirmou.
Moro afirmou ser apoiador de proposta apresentada no Senado que prevê a prisão como regra após o segundo julgamento no processo. "Acho que seria algo fundamental ao nosso sistema."
Moro também defendeu a divulgação de decisões e depoimentos da operação. "Em crimes contra a administração pública, há exigência de que tenham a mais ampla publicidade possível", disse. "Essa escolha já foi tomada pela nossa Constituição."
Segundo Moro, a divulgação de informações segue as regras do processo. "Não tem seletividade. Quando não é mais necessário o sigilo, o conteúdo é tornado público", disse.
Sobre as delações premiadas, Moro afirmou que toda delação depende de prova de corroboração, o que ocorreu na Lava Jato. E disse que não cabe a ele comentar a fala do ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, de que espera que as delações tenham sido "espontâneas"
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