terça-feira, 25 de agosto de 2015

A arte de enganar e seduzir

Com isto, eu me pergunto: seria então Jeb Bush o melhor candidato para a nação?
Por Lev Chaim*
Foram três as notícias dos jornais holandeses da semana que prenderam os meus olhos – todas as três dos Estados Unidos.
A primeira foi um picante comentário feito em um programa de TV pelo historiador holandês e americanista, Maarten van Rossem, sobre o candidato a candidato dos Republicanos, Jeb Bush, que virou notícia no jornal: “Ele não passa nenhuma forma de emoção, seja positiva ou negativa”. Em outras palavras: “não cheira e nem fede”.
E ele complementou ainda: “ Seu irmão mais velho que foi presidente, George W. Bush, tinha um certo carisma e assertividade dentro de sua visceral ignorância, o que é importante para um político sobreviver naquele país”.
Seria o dom de palhaço para engambelar os trouxas? Não os a ‘la Donald Tramp’, mas dos políticos ditos sérios, carismáticos, aptos a convencer uma maioria, sem que aquilo, necessariamente, seja o melhor para o país. A guerra do Iraque iniciada por George W. Bush, por exemplo: todos entraram de cabeça e nem perguntaram porque.
O outro assunto foi o novo discurso de Hilary Clinton em campanha, como candidata à presidência pelo partido Democrata, o mesmo de Obama. Ela criticou a Shell por querer continuar a tentar extrair petróleo da costa do Alasca, uma reserva natural prestes a ser ocupada pelas empresas petrolíferas.
Não é só controverso e perigoso para o meio ambiente, como também não se tem ainda técnicas definidas para se explorar aquele petróleo, guardado nas profundezas do oceano. Há questão de dois anos, quase aconteceu uma catástrofe com uma das plataformas da Shell lá erguida. Obama também é contra o fato mas está se sucumbindo à pressão econômica e, talvez, vá dar luz verde para tal.
E Hillary, agora, virou “ambientalista”? E está ela contra o seu colega democrata, Obama, de quem ela tanto precisa para as próximas eleições? A razão é mais simples do que parece.
Um segundo candidato na parada dos democratas, Bernie Sanders, com suas propostas ambientalistas a toda prova, está conseguindo milagres nas listas de sondagens de opinião pública, o que foi muito bem farejado pelo time de Hillary. Ela não quer deixar, desta vez, a Casa Branca escapar pelos dedos e faz de tudo para agradar a opinião pública. Caça aos votos determina a dança.
E, finalmente, a terceira notícia foi a liberação para a venda no mercada da pílula do “viagra feminino”, que ‘devolveria’ a vontade de fazer sexo à mulher. Duas vezes ela foi barrada, mas agora não. Elas podem ter efeitos colaterais graves, principalmente quando combinadas com álcool, que pode ser perigoso para a pressão arterial.
Parafraseando a filósofa alemã Hanna Arendt, por ocasião de suas famosas palavras para descrever o julgamento do nazista Adolf Eichmann, em Jerusalém, lembro aqui, desta vez, a banalidade da política e do poder econômico, quando envolve enormes ganhos políticos e econômicos. As farmacêuticas e Hillary sabem fazer o jogo, mas Jeb Bush ainda não.
Com isto, eu me pergunto: seria então Jeb Bush o melhor candidato para a nação? Não, pois ele não tem a mínima chance, segundo os peritos. E estes dizem que o importante é ser lúcido para pressionar os candidatos com chance e fazê-los assumir políticas melhores para o país. A prova está ai: Bernie Sanders, com a sua candidatura, fez Hillary se tornar ambientalista nesta fase do jogo. 
*Lev Chaim é jornalista, colunista, publicista da FalaBrasil e trabalhou mais de 20 anos para a Radio Internacional da Holanda, país onde mora até hoje. Ele escreve todas as terças-feiras, para o Domtotal.

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