quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Os Animais e os Humanos

Nosso governo atual é composto de gente incapaz de buscar uma causa última nas coisas.

Por Alexandre Kawakami*
A marca de uma mente inferior é sua incapacidade de ver além dos efeitos imediatos que se apresentam. Já a mente superior procura pelas causas últimas das coisas.
Um peixe, quando vê uma minhoca, muitas vezes pode tomar os cuidados que lhe são instintivos antes de abocanhar a isca. Mas é difícil esperar do peixe a clareza de intelecto para buscar saber se existe uma linha atada a um molinete montado numa vara com um pescador lhe aguardando no fim.
Felizmente, nosso governo atual é composto de gente com os mesmo nível e capacidade de raciocínio. São incapazes de buscar uma causa última nas coisas. São incapazes de ver uma estrutura maior e dando suporte aos acontecimentos que trazem, hoje, tantos desafios a nosso país. Só conseguem ver minhocas. Nem pararam para se perguntar se são iscas. Aliás, nem pararam para se perguntar se gostam de minhocas.
Vejam a política econômica deste governo: incentivar setores “chave” da economia para garantir a manutenção de emprego através de incentivos fiscais e empréstimos subsidiados.
Qual o argumento utilizado para priorizar estes setores? Ninguém sabe bem. Talvez alguém tenha feito um levantamento pseudo-estatístico sobre efeitos em cascata na cadeia de suprimentos de alguns setores, tais como o automobilístico e o de petróleo e gás. Pois bem. Qual foi o resultado?
O resultado foi termos perdido receita fiscal importante que nos impede de termos superávit necessários para manter o funcionamento normal do Governo Federal.
Houve geração de emprego durante um período? Houve. Mas isto foi resultado de um aumento de investimentos no setor da construção estimulado pelo aumento do investimento interno, resultado da estabilidade de nossa economia e diminuição de nossa taxa de juros. Coisas que não são minhocas, que estão por detrás das ações de vários agentes ao invés de estarem na frente da ação de uma super-gerentona.
E ainda hoje, quando pensa o nosso governo em estimular a economia, a primeira coisa que lhe em à cabeça é um pacote de investimentos. Menos receita e mais despesa. Eu acho que já ouvi essa piada antes, e ela já era ruim da primeira vez.
Já que o governo atual não fará, de nenhuma forma, o que é melhor ao país (renunciar uníssono), poderia pelo menos fazer o segundo melhor: anunciar um pacote de medidas que simplifica o nosso sistema tributário e o racionaliza; facilita a criação de novas empresas e extinção de outras; extermina os vários cartórios que burocratizam a vida do empreendedor; liberaliza o acesso a vários setores da economia que vivem sob a pencha da intervenção estatal, tais como o da mineração, petróleo e energia.
Mas o mercado inteiro tem certeza, sabe de forma absoluta que nossa presidente nunca fará isso. E não é só porque todo o seu capital político está investido em sua sobrevivência. É também porque ela só vê minhocas. Não consegue ver o rio. Não consegue sequer ver a si mesma.
E assim afunda o Titanic, enquanto a orquestra toca no Planalto.
*Alexandre Kawakami é Mestre em Direito Econômico Internacional pela Universidade Nacional de Chiba, Japão. Agraciado com o Prêmio Friedrich Hayek de Ensaios da Mont Pelerin Society, em Tóquio, por pesquisa no tema Escolhas Públicas e Livre Comércio. É advogado e consultor em Finanças Corporativas.

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