Padre Geovane Saraiva*
O Papa Francisco, na oração precedida do Angelus, na Praça de São Pedro (25/10/2015), referiu-se à XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (de 4 a 25 de outubro de 2015), com o tema da Família, considerando ter sido um “trabalho intenso, animado pela oração e por um espírito de verdadeira comunhão”, asseverando que a palavra “Sínodo” significa “caminhar juntos”, que o sonho de Deus é o de formar um povo onde cabem todas as famílias, povo santo de Deus disperso por todo o mundo. Indicou o caminho de discernimento, diante dos valores do matrimônio e da família, como resposta ao individualismo, no desejo de estender a comunhão a todos e que esta seja mais bem compreendida e vivida a partir da fé em Jesus de Nazaré, numa proximidade sempre maior do exercício da misericórdia, afastando-se do rigorismo moral e condenatória.

A mensagem corajosa e profética do Santo
Padre, o Papa Francisco, no final da Assembleia (Sínodo), que durou três
semanas, pela qual o mundo dos cristãos católicos elevou fervorosas preces, nos
agradecimentos e alguns tópicos, faz-nos pensar: “Agradeço a todos vós, amados
padres sinodais, delegados fraternos, auditores, auditoras e conselheiros,
párocos e famílias pela vossa ativa e frutuosa participação. Agradeço ainda a
todas as pessoas que se empenharam, de forma anônima e em silêncio, prestando a
sua generosa contribuição para os trabalhos deste Sínodo”. O Augusto Pontífice
disse mais: “Seguramente não significa que encontramos soluções exaustivas para
todas as dificuldades e dúvidas que desafiam e ameaçam a família, mas que
colocamos tais dificuldades e dúvidas sob a luz da Fé, examinamo-las
cuidadosamente, abordamo-las sem medo e sem esconder a cabeça na areia”.
Entre os itens da sua referida
mensagem, na conclusão da Assembleia Sinodal, disse: “Significa que escutamos e
fizemos escutar as vozes das famílias e dos pastores da Igreja que vieram a
Roma carregando sobre os ombros os fardos e as esperanças, as riquezas e os
desafios das famílias do mundo inteiro. Significa que demos provas da
vitalidade da Igreja Católica, que não tem medo de abalar as consciências
anestesiadas ou de sujar as mãos discutindo, animada e francamente, sobre a
família”. O Sumo Pontífice alhures falou: “Sem perdão a família adoece. O
perdão é a assepsia da alma, a faxina da mente e a alforria do coração. Quem
não perdoa não tem paz na alma nem comunhão com Deus. A mágoa é um veneno que
intoxica e mata. Guardar mágoa no coração é um gesto autodestrutivo. É
autofagia. Quem não perdoa adoece física, emocional e espiritualmente”.
Sinais de esperança para a plena
reintegração à Igreja de alguns católicos que se divorciaram e se casaram
novamente em cerimônias civis; única maneira para que esses católicos possam se
casar novamente é pela declaração de nulidade. Temos, evidentemente, o chamado
“foro íntimo”, em que cabem aqueles estão à frente do povo, os sacerdotes em
geral, ou os bispos, acompanhar com misericórdia os católicos que se divorciaram
e casaram-se novamente, vendo caso a caso, se ele ou ela pode ser totalmente
reintegrado, tudo a partir do comprovado amor aos ensinamentos da Igreja, como
garantia de uma busca sincera da vontade de Deus, sem se afastar do ensinamento
da Igreja. É claro que se os ministros da Igreja estiverem imbuídos da mais
profunda caridade cristã, pelo exercício do perdão, sempre terão algo a
oferecer-lhes, de um modo indizível, em nome da mãe Igreja.
Esse espírito ele desejou
ardentemente para todo o resultado exaustivo do Sínodo sobre a família,
revelando que a Assembleia decidiu evitar uma linguagem abertamente marcada
pela controvérsia e procurou buscar o consenso, a fim de evitar impasse sobre
os temas mais sensíveis, deixando para o Papa lidar com os detalhes. Já que a
medida do amor é amar sem medida, Francisco foi contundente nas seguintes
expressões: “sem medo, sem enterrar nossas cabeças na areia”; “às vezes
incrustadas em uma linguagem que é arcaica ou simplesmente incompreensível”;
“Uma reflexão sincera pode reforçar a misericórdia de Deus, que não é negada a
ninguém”. E no final da mensagem: “Na verdade, para a Igreja encerrar o Sínodo,
significa voltar realmente a ‘caminhar juntos’ para levar a toda a parte do
mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação, a luz do Evangelho,
o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia de Deus!”. Assim seja!
Parabéns! Artigos sempre coerentes e com ensinos que nos revelam a verdade e a presença de Deus no seu ministério.
ResponderExcluirParabéns e obrigada por partilhar conosco tudo sobre nossa Igreja.
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