Ban admitiu, porém, que não é otimista acreditar que se chegará a uma solução fácil.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu nesta quarta-feira na Cisjordânia que os líderes israelenses e palestinos atuem com urgência para frear a "perigosa escalada" de violência na região.
Ele admitiu, porém, que não é otimista acreditar que se chegará a uma solução fácil para a crise regional.
Assim como o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na véspera, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, não mencionou publicamente qualquer medida concreta para apaziguar os ânimos, além de rejeitar qualquer responsabilidade na atual crise.
Em Ramallah, Abbas denunciou, em conversa com Ban Ki-moon, que Israel não respeita as regras de administração da Esplanada das Mesquitas de Jerusalém. Já Ban voltou a insistir na necessidade de que os dirigentes israelenses e palestinos negociem e reafirmem "com palavras e atos que são sócios para a paz".
"Netanyahu comete um erro quando diz que respeita o 'status quo'. Não é correto, é um erro", afirmou Abbas.
"O 'status quo' do qual falamos é o que foi ratificado novamente em 1967 e que já existia antes, não o que (Ariel) Sharon impôs em 2000", completou o presidente palestino.
"As contínuas agressões contra a mesquita de Al-Aqsa abrem a porta para um conflito religioso, que, infelizmente já começou", disse Abbas.
"Não queremos isto e alertamos sobre as consequências", insistiu.
Depois do encontro com Abbas, Ban Ki-moon voltou a defender o diálogo para acabar com a perigosa escalada de violência em Jerusalém, Israel e Cisjordânia.
"Vamos continuar apoiando os esforços necessários com o objetivo de criar as condições para verdadeiras negociações. Mas, em última instância, são os palestinos e os israelenses que devem escolher a paz", declarou Ban Ki-moon.
"Nosso desafio mais urgente é acabar com a atual onda de violência e impedir mais mortes", acrescentou o secretário-geral.
"A única maneira de acabar com a violência é com um progresso real e visível para uma solução política, incluindo o fim da ocupação", completou Ban.
"Insisti com os líderes israelenses e palestinos na necessidade urgente de reafirmar, com palavras e atos, que são sócios para a paz", reafirmou Ban.
No entanto, falando na sessão de emergência do Conselho de Segurança da ONU, Ban admitiu que não é otimista quanto a uma solução para a crise regional. Por videoconferência de Amã, Ban se dirigiu à sessão do Conselho, realizada a portas fechadas.
Na terça-feira, durante uma reunião com Ban, Netanyahu negou qualquer responsabilidade na atual crise.
Violência continua
Apesar da visita de Ban, a violência não dá trégua.
Nesta quarta-feira, cinco israelenses ficaram feridos - um deles gravemente - à noite em Beit Ummar, ao norte de Hebron, na Cisjordânia. Eles foram atropelados pelo carro de um palestino, que foi atingido por disparos feitos por soldados israelenses, informou o Exército. Todos foram levados ao hospital.
Um judeu israelense foi morto por engano durante a tarde em Jerusalém por disparos de um guarda de uma empresa de segurança. O incidente ocorreu quando a vítima descia de um ônibus e discutiu com dois seguranças que entravam no veículo.
Segundo a versão dos guardas, o homem tentou sacar uma arma e foi confundido com um "terrorista", o que provocou os disparos de um dos agentes.
Mais cedo, soldados israelenses feriram uma palestina de 15 anos, que se aproximava com uma faca da colônia de Yitzhar, de acordo com o Exército.
Além disso, uma soldado israelense foi gravemente ferida com uma facada perto da colônia de Adam, leste de Ramallah, enquanto seu agressor foi morto.
Nesta quarta, a polícia também anunciou a detenção de quatro israelenses suspeitos de terem participado do linchamento de um migrante eritreu, morto na segunda-feira ao ser confundido com o autor de um atentado em Beersheva, no sul de Israel.
Na véspera, quatro palestinos morreram em dois ataques com faca e outro em um ataque com um automóvel. Dois israelenses ficaram feridos.
Desde o início do novo ciclo de violência em 1º de outubro, o balanço de mortos tem 48 palestinos - mais da metade em respostas a uma agressão ou a uma tentativa de ataque -, um árabe-israelense, oito israelenses e o cidadão da Eritreia que foi confundido com um agressor.
Na terça-feira, Ban advertiu Netanyahu contra o uso excessivo da força na repressão aos ataques com facas.
Netanyahu respondeu de forma agressiva ao acusar Abbas de mentir e incitar a escalada, unindo-se "ao Estado Islâmico e ao Hamas para afirmar que Israel ameaça a mesquita de Al-Aqsa", situada na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém.
A Esplanada, terceiro local sagrado do Islã, mas também venerada pelos judeus, é o foco da tensão entre israelenses e palestinos. Ban defendeu o respeito às regras que vigoram no local há décadas, e Netanyahu negou a intenção de modificar tais regras.
A Esplanada é administrada por uma fundação islâmica sob a autoridade da Jordânia, mas o acesso é controlado por Israel.
Os judeus são autorizados a entrar em determinados horários, mas não podem rezar no local.
Os muçulmanos, que a princípio podem orar a qualquer momento, sofrem com frequência as restrições definidas pelas autoridades de Israel.
Na quinta-feira, Ban segue para a Jordânia, onde encontrará o rei Abdullah.
Já o secretário de Estado americano, John Kerry, vai-se reunir com Netanyahu amanhã na Alemanha e, em seguida, com Abbas, possivelmente na Jordânia.
AFP
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