O “não” está ganhando do “Sim” por uma margem pequena, com 85,7% dos votos contados. Os bispos convidaram todos a participar deste processo democrático
Os bolivianos foram às urnas neste domingo para definir a modificação ou não da Constituição Política do Estado, a fim de permitir que o presidente Evo Morales e o vice-presidente Alvaro Garcia possam voltar às eleições em 2019.
Em um comunicado, a Conferência Episcopal Boliviana (CEB) advertiu que “trata-se de um assunto muito importante que vai além das pessoas concretas ou interesses particulares”, já que se decide sobre uma reforma do artigo 168 da Constituição para ampliar de dois a três o número de mandatos consecutivos possíveis. Embora no caso de Morales seria um quarto mandato, porque o primeiro período (2006-2010) não é computado, dado que a Bolívia foi “refundada” como Estado Plurinacional em 2009, quando aprovou-se a Constituição que agora se pretende alterar novamente.
Além disso, a CEB apelou “à vocação democrática do povo boliviano” e pediu “a todos os cidadãos participarem neste processo democrático com liberdade, consciência e responsabilidade, como condições indispensáveis para salvaguardar a democracia”.
Os bispos também pediram “um clima sereno e de paz, rejeitando toda atitude violenta e de manipulação da vontade dos cidadãos” e incentivaram o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) a realizar seu trabalho com “transparência e responsabilidade”.
Após o referendo, a contagem dos votos sobre a reeleição presidencial na Bolívia avança lentamente. Os dados publicados pelo TSE destacam que, com o 85,7% das atas verificadas, o “Não” consegue o 53,3% (2,399,086 votos) e o “Sim” o 46,7% (2,098,474 votos), uma diferença de 6,6%.
Tal derrota seria incomum para Morales, depois de 10 anos de vitórias. Para o Governo, o resultado ainda está em aberto. Ontem mesmo, o atual presidente boliviano pediu que os cidadãos esperem “com muita serenidade” os resultados finais e mostrou—se confiante em dar a volta por cima graças às regiões rurais, que definiu como anti-imperialistas.
O presidente Evo Morales chegou ao poder em 2006, com o 54% dos votos; dois anos depois, superou um referendo revogatório, com o apoio de 67%; em 2009, depois de reformar a Constituição, voltou a ser eleito presidente com o 64% dos votos e cinco anos depois, em outubro de 2014, com o 61%.
Se se cumprem as expectativas do esquerdista Movimento ao Socialismo (MAS), o seu líder poderia estar novamente em 2019 e, no caso de ganhar as eleições, permanecer na presidência até 2025, ou seja, vinte anos consecutivamente. zenit
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