terça-feira, 15 de março de 2016

‘O bom, o mau e o feio’

"O mundo, aos poucos, vai se dando conta de que a candidatura de Trump é para valer".
Por Lev Chaim*
Mais de uma vez recebi o conselho para não misturar realidade com ficção. Apesar de não ser nem um pouco fã do seriado americano “House of Cards”, pelo que eu já li e ouvi sobre este programa, que estreou sua quarta etapa, os personagens políticos da série acabam se espelhando na realidade política dos Estados Unidos e vice-versa, onde o ‘mau caráter’ quase sempre vence o bom e o íntegro. Isto me fez lembrar também os filmes de cowboys, onde o mais hábil com a arma era quem ditava as regras do jogo.     
Com isto, não tem como deixar de comparar o personagem principal do seriado, Frank Underwood, interpretado pelo ótimo ator Kevin Spacey, com a maneira de agir de Donald Trump, na corrida das eleições primárias norte-americanas, pelo partido republicano. Esta comparação também foi feita pela colunista do jornal holandês, NRC Handelsblad, Louise O. Fresco, quando disse: “Em cinismo, Underwood e Trump são iguais, mas Trump é um racista não adulterado”.
E ela ressaltou ainda que o mundo, aos poucos, vai se dando conta de que a candidatura de Trump é para valer e não pode ser descartada como se ele fosse apenas um gritador vulgar. E lembrou também que ele, cada vez mais, vai percebendo que não poderá mais agir como um escorregadio homem de negócios, que apenas dita ordens sem escutar ninguém. Ele terá que levar em conta certos princípios do partido republicano, o qual visa representar, caso queira ter alguma chance de chegar à Casa Branca.
Ao que tudo indica, Trump já iniciou algumas mudanças aos se afastar de uma de suas afirmativas anteriores, em que vociferava que os Estados Unidos tinham que obedecer aos tratados internacionais. Para muitos analistas, essas mudanças, com objetivo de se apresentar como um candidato mais ajustado ao partido Republicano, poderão ser o seu ‘Calcanhar de Aquiles’. Sem as palhaçadas, Donald Trump já não será o mesmo que fascina o público, o que poderá favorecer ainda mais a candidatura de Hillary Clinton, pelo partido Democrata.  
Concordo totalmente com a análise da colunista Louise O. Fresco, quando ela ressaltou: “O sucesso de Trump e do personagem do seriado de “House of Cards” ilustra muito bem a ‘fascinação’ por aqueles que exercem o poder de uma forma brutal e sem freios”. Como disse um dos personagens deste seriado, “a qualidade de um bom mentiroso é que ele possa fazer com que muitos acreditem que ele não tenha talento para mentir”.         
*Lev Chaim é jornalista, colunista, publicista da FalaBrasil e trabalhou mais de 20 anos para a Radio Internacional da Holanda, país onde mora até hoje. Ele escreve todas as terças-feiras para o Domtotal.

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