Padre
Geovane Saraiva*
Declarado
Servo de Deus pelo Papa Francisco em 2015, Dom Helder foi chamado ao seio do
Pai aos 27 de agosto de 1999, após completar noventa anos, vividos e bem vividos.
Celebrava a missa lentamente, com toda a simplicidade, como se estivesse
conversando com o Cristo, a Virgem, os santos. "Cada manhã, ao fim da missa, eu
contemplo o mundo com a alma de um colegial em férias e tenho vontade de gritar
àqueles que se esgotam na agitação da vida cotidiana: ‘Irmãos, hoje é feriado
universal’". O Pe. João Carlos Ribeiro (Salesiano) assim asseverou: "Havia
tanta emoção nas palavras da consagração que o vimos muitas vezes chorando, ao
celebrar a Missa, e sempre repetia com toda a convicção de que o verdadeiro
celebrante da Missa é Nosso Senhor Jesus Cristo".

No
seu sonho em favor de uma Igreja restaurada e renovada no amor, dentro do
espírito do Concílio Vaticano II, na feliz iniciativa do referido Pacto das
Catacumbas, Dom Helder foi de tal modo concreto que, numa sugestão filial
quanto profética, assim se expressou ao Santo Padre, Papa Paulo VI: "Santo
Padre, abandone seu título de rei e vamos reconstruir a Igreja como nosso
Mestre, sendo pobres. Deixe os palácios do Vaticano, vá morar numa casa, na
periferia de Roma. Pode até ter uma praça para saudar e abençoar as ovelhas.
Depois, Santo Padre, convide a todos os bispos a largarem tudo o que indica
poder, majestade: báculos, solidéus, mitras, faixas peitorais, batinas roxas.
Vamos amontoar tudo na Praça de São Pedro e fazer uma grande fogueira, dizendo
de peito aberto para o povo: ‘Vejam, não somos mais príncipes medievais. Não
moramos mais em palácios. Todos somos pastores, somos pobres, somos irmãos’".
Nada
melhor do que elevar preces ao bom Deus, guardando na mente e no coração alguns
pensamentos do pastor dos empobrecidos, no ardente desejo de vê-lo santo da nossa
Igreja: "É graça divina começar bem, graça maior é persistir na caminhada, mas
a graça das graças é não desistir nunca"; "A maneira de ajudar os outros é
provar-lhes que eles são capazes"; "Não há penitência melhor do que aquela que
Deus coloca em nosso caminho todos os dias"; "O verdadeiro cristianismo rejeita
a ideia de que uns nascem pobres e outros ricos, e que os pobres devem atribuir
a sua pobreza à vontade de Deus"; "Eu queria ser uma poça d’água para refletir
o céu"; "Quem me dera ser leal, discreto e silencioso como a minha sombra".
Assim seja!
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