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Embora as estatísticas neguem parece que nunca se leu tão pouco no nosso país.
Ou a gente aprende a pensar ou teremos gaiato dizendo que vai fazer uma
Ou a gente aprende a pensar ou teremos gaiato dizendo que vai fazer uma "semana de arte moderna".
Por Ricardo Soares*
Pululam por aí as tais oficinas de criação, oficinas de escrita criativa, oficinas para ensinar "como ser um escritor de sucesso" e por aí vai. Ok, legítimo que se ofereça tanta "oportunidade" para os que querem se aventurar no mundo das letras. Sucede que os que imaginam que ser escritor renda polpudos dividendos é bom se informar primeiro sobre a triste realidade do mercado editorial brasileiro. Nem para os verdadeiros craques a coisa anda fácil. Embora as estatísticas neguem parece que nunca se leu tão pouco no nosso país. Assim sendo seria bacana que proporcionalmente ao surgimento de tantas oficinas surgissem outras "oficinas de ajudar a pensar"porque o raciocínio pátrio anda mais ralo que café doce do interior de Minas.
É fato corriqueiro que apesar dos instrumentos internéticos de busca e mais o livre acesso à informação em todas as redes sociais as pessoas estejam aparvalhadas, mergulhadas num excesso de desinformação que transforma a maioria em uma horda de zumbis idiotizados. Não sou eu que digo isso mas gente muito mais qualificada como o recém- falecido escritor e pensador italiano Umberto Eco.
A preguiça em se buscar informação - com ela tão fácil, ali à mão - é tão grande que só assim se explica o apoio de milhares de imbecis à volta dos militares ou mesmo declarando emocionadas intenções de votos em pusilânimes como Bolsonaro. Total desconhecimento histórico da trajetória do país onde vive. A informação tão aí à nossa cara e ninguém busca nada, só obtusos pré -conceitos.
Se da horda de escritores ou curiosos do gênero ( alguns qualificados, outros mumificados, outros analfabetos) que montam oficinas criativas surgisse pelo menos uma meia dúzia de interessados em criar "oficinas de ensinar a pensar" quiçá tenhamos dias melhores . Porque o que vejo atualmente é a piora do nosso universo criativo . Nas novelas, nos livros, no cinema, no nosso teatro. Não se trata de saudosismo dizer que era melhor no passado. É a realidade. Ou a gente aprende a pensar ou daqui a pouco vai ter gaiato dizendo que vai fazer uma "semana de arte moderna" ou vestir saia para ir para as ruas ( como já fez Flavio de Carvalho) como se fosse uma baita novidade. E por ignorância os segundos cadernos darão ampla cobertura a essas efemérides como se pioneiras fossem. Acham que eu exagero ? é só acompanhar o que anda acontecendo.
*Ricardo Soares é escritor, diretor de tv, roteirista e jornalista. Dirigiu 12 documentários, publicou 7 livros e escreve às segundas e quintas no DOM TOTAL.
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