Dom Genival Saraiva*
No dia 4 de setembro, o Papa Francisco canonizou a Madre Teresa de Calcutá, inscrevendo seu nome no “catálogo dos santos”. É mais uma santa da era contemporânea. Com João Paulo II, também um santo do presente século e milênio, Bento XVI e Francisco, a Igreja tem mostrado aos fiéis católicos e aos não cristãos que a santidade é uma graça que está ao alcance de todos; com efeito, entre os beatificados e canonizados recentemente há, por exemplo, casais, jovens, políticos, profissionais liberais e outros que se santificaram em sua fidelidade a Deus, no dia a dia; esses são conhecidos como “confessores da fé” - Santa Teresa de Calcutá está entre estes. Há também aqueles que foram reconhecidos como santos pela via do martírio, sendo vítimas de perseguições por parte de autoridades que exercem poder autoritário.
Madre Teresa de Calcutá não se santificou apenas por ser uma Religiosa, mas por dedicar sua vida aos mais pobres da sociedade. Na homilia da Missa de sua canonização, falou o Papa Francisco: “Madre Teresa, ao longo de toda a sua existência, foi uma dispensadora generosa da misericórdia divina, fazendo-se disponível a todos, por meio do acolhimento e da defesa da vida humana, dos nascituros e daqueles abandonados e descartados. Comprometeu-se na defesa da vida, proclamando incessantemente que ‘quem ainda não nasceu é o mais fraco, o menor, o mais miserável’. Inclinou-se sobre as pessoas indefesas, deixadas moribundas à beira da estrada, reconhecendo a dignidade que Deus lhes dera; fez ouvir a sua voz aos poderosos da terra, para que reconhecessem a sua culpa diante dos crimes - diante dos crimes! - da pobreza criada por eles mesmos. A misericórdia foi para ela o ‘sal’ que dava sabor a todas as suas obras e a luz que iluminava a escuridão de todos aqueles que nem sequer tinham mais lágrimas para chorar pela sua pobreza e sofrimento. A sua missão nas periferias das cidades e nas periferias existenciais permanece nos nossos dias como um testemunho eloquente da proximidade de Deus junto dos mais pobres entre os pobres. Hoje entrego a todo o mundo do voluntariado esta figura emblemática de mulher e de consagrada: que ela seja o vosso modelo de santidade! Parece-me que, talvez, teremos um pouco de dificuldade de chamá-la de Santa Teresa: a sua santidade é tão próxima de nós, tão tenra e fecunda, que espontaneamente continuaremos a chamá-la de ‘Madre Teresa’. Que esta incansável agente de misericórdia ajude-nos a entender mais e mais que o nosso único critério de ação é o amor gratuito, livre de qualquer ideologia e de qualquer vínculo e que é derramado sobre todos sem distinção de língua, cultura, raça ou religião. Madre Teresa gostava de dizer: ‘Talvez não fale a língua deles, mas posso sorrir’. Levemos no coração o seu sorriso e o ofereçamos a quem encontremos no nosso caminho, especialmente àqueles que sofrem. Assim abriremos horizontes de alegria e de esperança numa humanidade tão desesperançada e necessitada de compreensão e ternura”.
Na verdade, a Madre Teresa de Calcutá e as irmãs da “Congregação das Missionárias da Caridade” passaram “a viver entre os pobres”, entre os “deserdados”, entre os “mais necessitados e marginalizados”. A exemplo de Santa Teresa de Calcutá, há muitos cristãos que se colocam a serviço dos irmãos mais sofridos da sociedade, vivendo, de forma autêntica, a bem-aventurança de Jesus: “Felizes os pobres no Espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,2). Como São Francisco, Santa Teresa de Calcutá ficará no coração dos fiéis, por ter sido pobre e vivido entre os pobres.
*Administrador Apostólico da arquidiocese da Paraíba
Fonte: CNBB
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