domtotal.com
Para Aragão, Moraes errou ao falar da lava jato. Ministério diz que foi 'força de expressão'.
Aragão diz que declaração abre suspeita de que governo e Lava Jato agem com finalidade política.
Ex-ministro da Justiça do governo Dilma Rousseff, o subprocurador-geral da República Eugênio Aragão, disse ao jornal O Estado de S.Paulo que as declarações do atual ministro da Justiça, Alexandre Moraes, de que nesta semana haverá mais operações da Lava Jato mostram que ele "é um incapaz ou é irresponsável". "Incapaz porque estaria a brincar com coisa séria. Um ministro não pode se manifestar de empolgação em campanha, entregando ao público assuntos sigilosos de sua pasta" afirmou. "Ou irresponsável, porque, no momento em que vivemos, autoridades públicas não devem provocar clamores. Devem, isto sim, acalmar a população", completou.
Para Aragão, a declaração de Moraes "dá margem à suspeita de que ele, governo, e a Lava Jato, estão agindo de comum acordo com finalidade política". "Fico só imaginando se, quando ministro, eu desse uma declaração desse teor, o que aconteceria. O mundo vinha abaixo", afirmou.
O ex-ministro questionou ainda a postura do membro do governo de Michel Temer, já que o presidente tem usado o discurso de pacificação. "Como se pacifica um país criando clamor sobre uma operação policial por acontecer?", questionou.
Em campanha
Em uma agenda de campanha do candidato a prefeito de Ribeirão Preto Duarte Nogueira (PSDB), Moraes afirmou com muita certeza que esta semana haverá uma nova fase da Lava Jato. "Teve a semana passada e esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem esta semana, vão se lembrar de mim", disse.
O Ministério da Justiça e Cidadania afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que a declaração de Moraes foi uma "força de expressão". A frase "não foi dita porque o ministro tem algum tipo de informação privilegiada ou saiba de alguma operação com antecedência, e sim no sentido de que todas as semanas estão ocorrendo operações".
Comunicação falha
O governo de Michel Temer tem sofrido as consequência de declarações de ministros consideradas "infelizes" e que acabam causando prejuízo de imagem. O Planalto tem tentado buscar novas estratégias de comunicação justamente para mitigar os danos causados por falas equivocadas.
Moraes, entretanto, é tido como um dos titulares mais difíceis. Foi um dos que recusou a oferta de media training e disse a interlocutores do Planalto "que não precisava de treinamento" para falar com a mídia. Hoje, ele protagonizou mais um episódio de recuo em declarações polêmicas de representantes do governo.
Agência Estado
Nenhum comentário:
Postar um comentário