terça-feira, 6 de dezembro de 2016

A esperança se renova

 domtotal.com
O mundo está percebendo muito bem o que ocorre no Brasil.
Ter esperança já é um caso de patriotismo.
Ter esperança já é um caso de patriotismo. (Reprodução)
Por Lev Chaim*

‘A esperança move montanhas e é a última que morre’, já diziam os meus pais há muitos anos. Existem momentos em que ela se esvai pelo ar e deixa um vazio imenso, como se tudo tivesse definitivamente perdido. Em outros, ela ressurge do nada. É assim que sigo a política no Brasil.

Quando fui à feira comprar peixe, um grande amigo se aproximou e perguntou: “Lev, que sujeira no Brasil, não? Aproveitando do luto dos brasileiros pela perda do time de futebol acidentado, os deputados vão e passam uma emenda para destruir os trabalhos da Lava Jato de combate à corrupção”. Fiquei pasmo, boquiaberto, pois no meu ‘inferno astral’, pensava justamente aquilo. Até parece que ele leu meu pensamento.   

Pois é: o mundo está percebendo muito bem o que ocorre no Brasil, consciente que grande parte do Congresso Nacional está com medo da justiça do juiz Sérgio Moro, que é um dos pilares fundamentais da Lava Jato. Não fugi da discussão. Apenas disse que ele estava certíssimo. Mas foi ai que a esperança voltou com tudo. E acrescentei: se Deus quiser a Lava Jato vai prosseguir e colocar os corruptos atrás das grades, independente do partido a que pertençam.  

Repeti para mim mesmo que era de extrema importância que guardássemos uma esperança de que tudo iria se resolver. A areia movediça tinha que parar de engolir a minha alegria. Ao conversar com um sobrinho no Brasil, ele comentou: “o que fazer não é? São coisas que não estão ao nosso alcance”. A primeira vista lhe dei razão, mas, logo depois, após encerrar a conversa, pensei justamente o contrário. Temos que fazer tudo e mais alguma coisa para que a situação mude e os corruptos não vençam a parada.

No caso do Brasil neste momento, ter esperança já é um caso de patriotismo e amor a esta imensa nação. Uma batalha perdida não significava, de forma alguma, a perda da guerra. Nesta fase da batalha, com tiros cruzados vindo de todos os lados, muitos atiradores escondidos, calados, deixaram cair a máscara com medo do julgamento do juiz Moro. Mostraram à nação que também estavam envolvidos na roubalheira geral, tanto para financiar campanhas como para aumentar suas fortunas pessoais. Alguns nem tinham fortuna e se tornaram milionários em um curto espaço de tempo.

E na minha retomada da  esperança, afirmei para mim mesmo: estes palhaços não são e nunca foram representantes do povo brasileiro. Muitos deles passaram dos limites ao roubar tudo aquilo que as instituições do país necessitavam para melhorar a vida dos brasileiros, tanto na Educação como na Saúde, por exemplo. E, neste momento, eles fazem tudo para fugir da responsabilidade de seus atos, tentando criminalizar os atos de quem os julga pela lei, numa inversão de valores que o povo já descobriu e condena.  

A Lava Jato desvendou tudo isto aos brasileiros e já fez muita coisa para prender e recuperar o dinheiro roubado. Mas estes políticos inconsolados, pegos no flagrante por um juiz que se tornou um herói nacional e internacional, estão abusando da paciência da nação. Depois do monstruoso protesto popular de domingo, dia 4 de dezembro, a minha esperança se renovou. Tenho fé de que a Lava Jato vai em frente prender os culpados pelos desfalques à nação brasileira.

Renan já é réu no Supremo. Entre uma esperança e outra, sigo em frente. Perdê-la totalmente seria o mesmo que perder a vida antes do tempo. Foi mais ou menos isto que disse o grande e ilustre Nobel da Paz Elie Wiesel, recém falecido, quando ele enfrentou os tormentos do Holocausto dos nazistas na Europa. Ele nunca perdeu a esperança e sempre lutou contra a injustiça.

*Lev Chaim é jornalista, colunista, publicista da FalaBrasil e trabalhou mais de 20 anos para a Radio Internacional da Holanda, país onde mora até hoje. Ele escreve todas terças-feiras para o Domtotal.

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