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Homem de fé e de razão, articulava muito bem essas duas grandezas.
Libanio em sua juventude. (jblibanio.org.br)
Por Manoel Godoy*
Sempre se disse que as pessoas não são insubstituíveis, mas ousamos dizer que isso não é verdade. Há pessoas insubstituíveis sim. Basta constatar a falta de pessoas-referências no mundo de hoje. Voltando-nos à Igreja, há uma procissão de insubstituíveis!
Quem substituiu Pe. Alberto Antoniazzi, na articulação pastoral da Arquidiocese de Belo Horizonte? Quem substituiu Pe. José Comblin na perspicácia teológica no Brasil? Quem substituiu Pe. Lima Vaz na profundidade filosófica na casa de formação jesuíta e mesmo no âmbito acadêmico filosófico no Brasil? Ora, com o falecimento do Pe. Libânio abriu-se um buraco imenso na FAJE, na Arquidiocese de Belo Horizonte, na reflexão teológica do Brasil e América Latina, mas, sobretudo no coração de todos os que com ele partilhamos nossa vida, nossas reflexões, nossos sonhos.
Pe. Libanio sabia transmitir uma visão transparente sobre todos os temas que tratava, mas de maneira muito especial passava para nós um amor à Igreja-Povo de Deus, sempre crítico, mas nunca azedo. Homem de fé e de razão. Articulava muito bem essas duas grandezas, fazendo emergir um discurso sobre a fé com fundamento na razão; discursando racionalmente com embasamento na fé.
O seu legado não se resume aos seus inúmeros escritos, mas abrange o testemunho de vida, de amizade, de simplicidade, de respeito por todos que dele se aproximavam. Por tudo isso, Pe. Libanio é sim insubstituível e, assim, ficamos mais pobres com sua partida.
Como disse Dom José Maria Pires, ele não nos esperou, adiantou-se a todos nós, mas um dia, tiraremos o atraso e estaremos todos juntos, talvez, esclarecendo pontos da fé que teimam em nos deixar mergulhados em mistérios e sombras.
Ainda teremos uma aula a mais com o nosso mestre Libanio em outras dimensões, pois Deus não nos deixará eternamente órfãos de sua cultura e entendimento.
Até que nós outra vez nos vejamos, que Deus o guarde, Libanio, na palma de Sua mão.
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*Manuel Godoy é padre e professor no Instituto Santo Tomás de Aquino e na FAJE, possui graduação em Filosofia pela Faculdade Salesiana de Filosofia Ciências e Letras de Lorena (1976), graduação em Teologia pela Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção (1983), graduação em Pedagogia pela Faculdade Salesiana de Filosofia Ciências e Letras de Lorena (1979) e mestrado em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (2005).
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