Padre Geovane Saraiva*
O contexto bíblico do ocaso de
Lázaro passa pelo forte e expressivo símbolo do pecado e da morte. A fotografia
de sua alma, sem Deus, fica como que aniquilada e acabada, a partir do seu
rosto lúgubre e melancólico, privado da vida em Deus. Atentemos, pois, ao
recado de suas irmãs: “Senhor, aquele que amas está doente”. E Jesus lhes
responde: “Esta doença não leva à morte; ela serve para a glória de Deus, para
que o Filho de Deus seja glorificado por ela” (cf. Jo 11, 3-4). Jesus, ao
promover a vida daquele que se encontra morto, se torna causa de fúria e ira de
seus inimigos, em detrimento do bem e da vida.
Jesus quer salvar todos, que
reconhecem, na sua pessoa, o Messias, o Filho de Deus e enviado do Pai, que
entrou no mundo carregando consigo a grande novidade da feliz vida futura,
evidentemente para os que têm fé e se alimentam da esperança. Por isso mesmo,
ele declarou: “Eu sou a ressurreição e a vida: quem crê em mim, ainda que
esteja morto, viverá; e quem vive e crê em mim não morrerá para sempre"
(cf. Jo 11, 26-26).
Não imitemos os sábios
insensatos, aqueles que se atiram ao precipício ou pulam lá das alturas. Deus
não quer que, diante de nossos prejuízos – e neles os nossos próprios
interesses –, deploremos e lastimemos, entristecidos, as perdas e os bens. Ele
nos aponta para valores, inigualavelmente maiores, que nos levam à felicidade
sobrenatural, na sua imorredoura contemplação. Sensatez, sim, mas num grau e
numa esfera, de tal modo elevada e divina, a ponto de se afastar de tudo o que
é obstáculo, a partir do sentimento de comoção e sensibilidade do Filho de
Deus, como nas lágrimas de Marta e Maria.
Ele realiza, de uma vez por
todas, a missão, sobretudo, diante dos implacáveis e sanguinários poderes do
ódio, sem se afastar das desesperadas cóleras, as quais mantiveram em seus
algozes uma firme postura, no sentido de apressarem sua condenação, paixão e
morte. O milagre de Jesus, ao ressuscitar seu amigo Lázaro, vai na direção de
animar a fé dos apóstolos, ainda que debilitada e enfraquecida, didaticamente,
querendo fortalecê-los e encorajá-los, num jeito de crer e perceber sua vida e
missão salvífica. Que sejamos animados e revigorados na fé pelo poder de Deus!
*Pároco
de Santo Afonso, Blogueiro, Escritor e integra a Academia Metropolitana de
Letras de Fortaleza (AMLEF).
Peço vênia para dizer não imaginar que sua misericórdia só se destine aos que creem e militam na fé em Cristo; há mesmo várias passagens na Bíblia em que se dirige, a prostitutas, criminosos, ladrões e outros tipos que agiam abertamente em desacordo com sua pregação
ResponderExcluirObrigado!
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