Ganhador de um Oscar, ele nunca estudou. Aprendeu seu ofício atuando.
Lizabeth Scott e Bur tLancaster em Estranha fascinação (Foto: Divulgação) |
Por Marco Lacerda*
“Acordei um dia alçado à condição de estrela. Precisei trabalhar duro para converter-me num ator”. Assim Burt Lancaster (1913-1994)respondeu uma vez a pergunta sobre como se desenvolveu sua carreira artística. Burt Stephen Lancaster nunca estudou arte dramática nem se formou em nenhuma escola.
Desde menino era apaixonado pela educação física. Na adolescência juntou-se a uma troupe de circo onde pode demonstrar suas habilidades atléticas. Participou como soldado da II Guerra Mundial, quando começou a organizar espetáculos para entreter as tropas. Quando deixou o exército, decidiu ser ator. Descoberto por um agente de Hollywood ,
Lancaster fez seu debut no cinema em 1946 em ‘Assassinos’ , ao lado de Ava Gardner.
No começo de sua carreira era contratado para interpretar personagens em thrillers, dramas e filmes de terror com ‘Brutalidade’, ‘Estranha fascinação’ e ‘A filha da pecadora, entre outros do gênero. Mas não demorou a romper com esse modelo e protagonizar longas-metragens que lhe permitiram soltar sua fabulosa energia. Assim chegaram para ele papéis em ‘O gavião e a flecha’, ‘O pirata sangrento’ e ‘Pecadoras dos mares do sul’
Lancaster era capaz de todo tipo de acrobacias diante das câmeras: transformar-se em pirata, xerife, pistoleiro ou índio. Havia dois elementos que se destacavam em seus filmes. Uma era seu físico esplêndido e a outra, seu sorriso farto que não raro explodia em gargalhadas contagiantes.
Surge um grande ator
Aos poucos, porém, o acrobata foi se convertendo em grande ator. Em 1948 fundoou sua própria produtora e começou a optar por outros tipos de personagens, papéis mais sutis que permitiam exibir todo o seu potencial interpretativo. Em ‘A um passo da eternidade’ lascou um beijo em Deborah Kerr, na praia, com sofreguidão bastante para eternizar a cena.
Em ‘Entre Deus e o pecado’ interpretou um falso pastor, papel que lhe garantiu seu único Oscar, em 1960. Em ‘O homem de Alcatraz deu vida a um presidiário que se transforma num especialista em ornitologia sem sair da cadeia, enquanto em ‘Julgamento de Nuremberg’ entra na pele do juiz Ernst Janning, um dos acusados no famoso processo que encerrou a II Guerra.
Faltava o mais difícil. Em 1963 Lancaster encarna o príncipe Fabrizio Salina em ‘O leopardo”, de Luchino Visconti. “Ele queria um ator russo, mas os que estavam disponíveis eram velhos demais. Tentou Laurence Olivier, mas a agenda do ator estava congestionada. Quando lhe propuseram meu nome, Visconti hesitou: ‘Um cowboy, jamais’!Mas o Luchino precisava dos US 3 milhões que a 20th Century Fox despejaria na produção caso me contratasse e aconteceu o que parecia impossível. O resultado foi tão satisfatório que Visconti voltou a convidá-lo pouco depois para fazer ‘Violência e paixão’ e Bernardo Bertolucci lhe deu um grande papel em ‘1900’.
“Cedo ou tarde todos seremos esquecidos, mas os filmes, não”, disse Lancaster uma vez. Não é o caso dele. Ao se completarem 100 anos do seu nascimento ainda o recordamos fazendo acrobacias de piscina em piscina, vestindo calções sumários em ‘O enigma de uma vida’ ou resgatando Claudia Cardinale em ‘Os profissionais’. Este é o Burt Lancaster que permanece vivo na memória de qualquer cinéfilo: o homem capaz de voar em trapézios, o galã sedutor, o aventureiro, o cowboy, o nobre decadente. Enfim, uma estrela.
Burt Lancaster. Veja o vídeo:
*Marco Lacerda é jornalista, escritor e Editor Especial do DomTotal
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