segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome

870 milhões de pessoas no mundo acordam e vão dormir sem saber o que e quando vão comer.

Por Marco Lacerda*
Atualmente, 842 milhões de pessoas ainda passam fome em todo o mundo. Por outro cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos é desperdiçada todos os anos. As consequências econômicas diretas do desperdício de alimentos, sem incluir peixes e frutos do mar, atingem o montante de US$ 750 bilhões por ano.

Mais da metade (54%) do desperdício de alimentos no mundo ocorre na fase inicial da produção, na manipulação, pós-colheita e armazenagem. O restante (46%) ocorre nas etapas de processamento, distribuição e consumo.

Segundo Alan Bojanic, representante da FAO no Brasil, “geralmente, os países em desenvolvimento sofrem mais com as perdas durante a produção agrícola, enquanto o desperdício na distribuição e no consumo tende a ser maior nas regiões de renda média e elevada, que respondem por quase 40% do desperdício. Esse número é de 16% nas regiões com baixa renda”.

É sabido que, no geral, os países industrializados e os em desenvolvimento desperdiçam mais ou menos a mesma quantidade de alimentos: 670 e 630 toneladas, respectivamente. As frutas e hortaliças, assim como as raízes e tubérculos, são alimentos com a taxa mais alta de não aproveitamento.

Falta planejamento dos consumidores na hora de ir às compras

“Para se ter uma ideia clara do prejuízo causado pelo desperdício, a cada ano os consumidores dos países ricos desperdiçam 222 milhões de toneladas, o que quase equivale à quantidade de alimentos produzidos para alimentar a África Subsaariana (230 milhões de toneladas)”, diz Alan Bojanic.

O nível mais elevado de desperdício de alimentos nas sociedades ricas resulta de uma combinação entre o comportamento do consumidor e a falta de comunicação ao longo da cadeia de abastecimento. Falta planejamento dos consumidores na hora de ir às compras.

Padrões estéticos desnecessários, logística de venda incorreta, prazos de validade incoerentes. Esses são alguns exemplos do problema do varejo. Entre os consumidores, o problema ocorre, principalmente, devido a má utilização dos produtos.
Esse desperdício não só causa grandes perdas econômicas, mas tem também gerado um impacto significativo nos recursos naturais dos quais dependem a humanidade para se alimentar.

Para Claudete Penteado, bacharel em Economia Doméstica pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, “a relação entre desperdício e fome nacional, tem sua razão de ser, visto que acredita-se ser possível diminuir o preço dos alimentos se esta margem de perdas fosse exterminada dos cálculos de produção, levando a um barateamento dos alimentos. Porém, não se tem a pretensão de resolver o problema da fome no Brasil ou no mundo, simplesmente resolvendo a questão dos desperdícios alimentares. Não é possível conceber o desperdício onde a fome existe”.

O que vamos comer amanhã?

O desperdício é um mal que precisa ser combatido por todos e iniciado, preferencialmente dentro da própria casa. Não se consegue grandes mudanças mundiais apenas pensando-se globalmente com projetos mirabolantes. Grandes mudanças do comportamento universal começam de forma humilde, com o exemplo próprio. Pensar globalmente – agir localmente. Cada um faz a sua parte e o grande resultado se constrói.

O desperdício é um mal que precisa ser combatido por todos e iniciado, preferencialmente dentro da própria casa. Não se conseguem grandes mudanças mundiais apenas pensando-se globalmente com projetos mirabolantes. Grandes mudanças do comportamento universal começam de forma humilde, com o exemplo próprio. Pensar globalmente, agir localmente. Cada um faz a sua parte e o grande resultado se constrói.

América Latina e Ásia serão responsáveis por mais de 75% da produção agrícola mundial na próxima década, segundo Alan Bojanic. Por esse e outros motivos, tais medidas são um passo adiante para garantir que a pergunta “O que vamos comer amanhã?” sempre terá resposta.

Flagrantes do desperdício. Veja o vídeo.
*Marco Lacerda é jornalista, escritor e Editor Especial do Domtotal.

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