segunda-feira, 23 de março de 2015

Sexo, paixão e arte

Foram incontáveis as mulheres na vida de Picasso, entre esposas, amantes e musas.

Por Marco Lacerda*
O que tinha de gênio Pablo Picasso tinha também de mulherengo. Não resistia a uma saia. Foram inúmeras a mulheres de sua vida, entre esposas, amantes e musas. Para o pintor, o amor era um sentimento físico, ligado à posse. Mesmo quando tinha um novo amor, Picasso mantinha as antigas paixões por perto, despejando sobre elas um fascínio irresistível. Jamais conseguiu esconder uma nova conquista. Logo que uma mulher aparecia em sua vida, um novo rosto aparecia em seus quadros.
Poucos viveram paixões tão intensas como ele. Um dos maiores gênios da pintura contemporânea, Picasso transpôs para as telas seu fascínio pelas mulheres, exaltando sensualidade e erotismo. Protagonizou inúmeras conquistas, foi o namorado amoroso, o amante infiel e o marido cruel. Suas mulheres passavam de deusas, quando apaixonado, a monstros torturados, no fim da relação. Poucas sobreviveram ao término do romance. Mas de uma forma ou de outra, todas influenciaram seus traços, especialmente as sete mulheres com quem conviveu: Fernande, Eva, Olga, Marie-Thérèse, Dora, Françoise e Jacqueline.
Alguns críticos afirmam que o trabalho do pintor está tão relacionado ao seu apego pelo sexo oposto que as fases de sua carreira poderiam ser definidas de acordo com as amantes com quem esteve envolvido. Assim, o neoclassicismo dos anos 20 são os “anos Olga”, as banhistas do começo dos anos 30 marcam a “era Marie-Thérèse”, os retratos do fim dos anos 40, o “período Françoise”.
Este é o fio condutor da exposição em cartaz na Fundação Mapfre, de Madrid até 11 de maio: o ateliê do artista e as mulheres que por lá passaram. Através de 160 obras, a mostra traça um perfil do lugar de trabalho de Picasso, um laboratório em contínua ebulição. O artista chamava seus ateliês de “minhas paisagens interiores”, lugares sagrados, panteões sentimentais. Aliás, foram muitos esses locais, todos vitais tanto em sua inspiração criadora – sempre acompanhado da musa da vez – como em sua biografia. Cada um conta um episódio diferente de sua vida apaixonante e apaixonada, explica suas obsessões, descobertas, idas e vindas em sua fértil e prodigiosa carreira.
Esta é a maravilhosa história contada na exposição da Fundação Mapfre, através de obras cedidas por importantes museus de todo o mundo, ou emprestadas por colecionadores particulares. Muitas delas nunca foram exibidas antes.
"As mulheres de Picasso". Veja o vídeo.
*Marco Lacerda é jornalista, escritor e editor-especial do Domtotal. Este texto usa informações de Mariana Balboni em ensaio publicado na revista Aventura na História.

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