João Saldanha montou um timaço, mas não levou a fama pela conquista da Copa de 70.
Era um país onde se jogava bola. Muita bola. Ainda era um país que vivia sob a égide do passe perfeito, dos lances geniais, dos chutes mortais, uma pátria de felizes chuteiras. Era um país onde todo mundo sabia a escalação de Félix, Brito, Piazza, Carlos Alberto, Clodoaldo e Everaldo, Jairzinho, Gérson, Tostão, Pelé e Rivelino. Era esse o meu país de menino e foi na beira desse campo que encontrei o João Saldanha, que montou esse timaço, mas não levou a fama pela conquista da Copa de 70, glória que coube a um superlativo Zé Mané. Mas nem por isso Saldanha parecia abraçado ao rancor. Ranzinza de sorriso de canto de boca me chamava sem desprezo de "menino" e eu me perguntava: de onde ele tira tanta ideia?
Alguns bons anos mais tarde eu o vi de novo e ele era um prestigiado cronista do jornal onde eu trabalhava como jovem repórter. Um fim de tarde eu, o Saldanha e outro repórter mais velho descemos a Avenida Brigadeiro Luís Antonio, em São Paulo, em busca de um fogão jacaré para ele instalar numa quitinete que usava na capital paulista. Não nos convidou para nenhuma refeição e nem precisava. E no mexidão dessa crônica posso lhes garantir que há uma porção enorme de fantasia, uma pitada de alegoria e um "tiquim" de realidade.
Alguns bons anos mais tarde eu o vi de novo e ele era um prestigiado cronista do jornal onde eu trabalhava como jovem repórter. Um fim de tarde eu, o Saldanha e outro repórter mais velho descemos a Avenida Brigadeiro Luís Antonio, em São Paulo, em busca de um fogão jacaré para ele instalar numa quitinete que usava na capital paulista. Não nos convidou para nenhuma refeição e nem precisava. E no mexidão dessa crônica posso lhes garantir que há uma porção enorme de fantasia, uma pitada de alegoria e um "tiquim" de realidade.
Ricardo Soares é escritor, diretor de TV, roteirista e jornalista. Autor de sete livros, ele foi cronista dos jornais "O Estado de S.Paulo", "Jornal da Tarde", "Diário do Grande Abc" e da revista "Rolling Stone".
Nenhum comentário:
Postar um comentário