domingo, 24 de dezembro de 2017

Com alegria e confiança

domtotal.com
Reflexão sobre Evangelho do Quarto Domingo do Advento, ciclo B do Ano Litúrgico (Lucas 1, 26-38).
Não estamos chamados a julgar o mundo, mas sim a semear esperança.
Não estamos chamados a julgar o mundo, mas sim a semear esperança. (Reprodução/ Mary of Nazareth DVD)
Por José Antonio Pagola*

O Concílio Vaticano II apresenta Maria, Mãe de Jesus Cristo, como "protótipo e modelo para a Igreja", e descreve-a como mulher humilde que escuta Deus com confiança e alegria. Desde essa mesma atitude temos de escutar a Deus na Igreja atual.

"Alegra-te". É o primeiro que Maria escuta de Deus e o primeiro que temos de escutar também hoje. Entre nós falta alegria. Com frequência nos deixamos contagiar pela tristeza de uma Igreja envelhecida e gasta. Já não é Jesus a Boa Nova? Não sentimos a alegria de ser seus seguidores? Quando falta a alegria, a fé perde frescor, a cordialidade desaparece, a amizade entre os crentes esfria-se. Tudo se torna mais difícil. É urgente despertar a alegria nas nossas comunidades e recuperar a paz que Jesus nos deixou em herança.

"O Senhor está contigo". Não é fácil a alegria na Igreja dos nossos dias. Só pode nascer da confiança em Deus. Não estamos órfãos. Vivemos invocando cada dia a um Deus Pai que nos acompanha, nos defende e procura sempre o bem de todo o ser humano. Deus está também com nós.

Esta Igreja, por vezes tão desconcertada e perdida, que não acerta em regressar ao Evangelho, não está só. Jesus, o Bom Pastor, procura-nos. O seu Espírito atrai-nos. Contamos com o seu alento e compreensão. Jesus não nos abandonou. Com Ele tudo é possível.

"Não temas". São muitos os medos que nos paralisam aos seguidores de Jesus. Medo ao mundo moderno e a uma sociedade descrente. Medo a um futuro incerto. Medo à conversão ao Evangelho. O medo está a fazer-nos muito mal. Impede-nos de caminhar para o futuro com esperança. Fecha-nos no conservar estéril do passado. Crescem os nossos fantasmas. Desaparece o realismo são e a sensatez evangélica.

É urgente construir uma Igreja da confiança. A fortaleza de Deus não se revela numa Igreja poderosa, mas sim humilde. Também nas nossas comunidades temos de escutar as palavras que escuta Maria: "Não temas".

"Darás à luz um filho, e darás o nome de Jesus". Também a nós, como a Maria, se nos confia uma missão: contribuir a colocar luz no meio da noite. Não estamos chamados a julgar o mundo, mas sim a semear esperança. A nossa tarefa não é apagar a mecha que se extingue, mas acender a fé que, em não poucos, está a querer brotar: temos de ajudar os homens e mulheres de hoje a descobrir Jesus.

A partir das nossas comunidades, cada vez mais pequenas e humildes, podemos ser levedura de um mundo mais são e fraterno. Estamos em boas mãos. Deus não está em crise. Somos nós os que não nos atrevemos a seguir Jesus com alegria e confiança. Maria há de ser o nosso modelo.


IHU

*José Antonio Pagola é padre e teólogo espanhol.

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